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sábado, 24 de janeiro de 2015

Desapoderamento Grego

  

Alexis Tsipras, líder Syriza




   Uns afirmam que são fenómenos políticos temporários, outros que vieram para ficar, mas a verdade é que o Syriza na Grécia pode estar a horas de uma vitória, e será esta a vitória sobre a Europa? Não terá o comportamento europeu de alguma "chantagem" e erradas estratégias ter servido para o aumento de tal fenómeno político? Será o nascer de uma nova esperança na Europa? 
   Num país onde o número de pobres já ascende a 3 milhões, o retrato de um povo diz-nos que  estes olham para o sistema partidário e político como absolutamente desapoderados, incapazes de fazer ou mudar o que quer que seja, procurando alternativas, a esperança em alguém capaz de os mobilizar. 
   Mas, se Alexis Tsipras vencer, será um partido de extrema-esquerda a liderar a Grécia, o que não deve ser ignorado. Em primeiro lugar, porque o extremismos nunca foram bom aliados das democracias, e chegar ao Governo e aumentar as pensões e o salário mínimo não resolve os problemas, podendo agravá-los, porque no extremismo, nada pode estar acima da ideologia, e sacrificar um país pela ideologia pode ter resultados severamente negativos. Mas, por outro lado, temos admitir que a política desenvolvida pela Europa mostrou resultados desastrosos e actualmente prova que é insustentável, tendo obrigatoriamente de ser mudada. E, quanto à Grécia, cometeu um erro fatal: humilhou os gregos, fazendo chantagens e criando uma espécie de "guerrilha", quando era evitável tal cenário, se as coisas fossem discutidas e debatidas noutros termos, e sem ingerência nos assuntos internos do país da forma tão autoritária como aconteceu. É nesta lacuna deixada pela Europa, neste vazio de soluções e estratégias falhadas que nascem os movimentos extremistas, onde procuram explicar ao povo sofrido que a solução existe e só é preciso haver esperança e mudança. 
   Uma coisa é certa: a Europa terá de aprender e perceber que se olhar para o lado mais uma vez, tudo o que deu pode perder-se, e, talvez a Europa de Robert Schumann, seu criador, tenha de ser novamente pensada e idealizada.