Era apenas uma questão de tempo. Quando Pedro Sanchez afastou-se do partido, todos os espanhóis sabiam que voltaria para tentar chegar ao Palácio de Moncloa. Depois de ter chegado a Primeiro-Ministro de Espanha através de uma moção de censura aprovada com votos do Podemos e pequenos partidos regionais, nem teve tempo de festejar. O PSOE de Pedro Sanchez apenas tem 84 deputados, e sabia que precisava de 176 votos para aprovar a moção de censura, tendo de recolher votos em diversos partidos, sendo que o maior apoio que teve foi do Podemos, com 67 deputados. Mas esta geringonça conseguiu apoios envoltos num circunstancialismo repleto de pouca genuinidade, e que, foi visível nas críticas que surgiram posteriormente, com o líder do Podemos a criticar o governo formado pelos socialistas do PSOE.
Será difícil a tarefa de Pedro Sanchez, que regride e volta a ter apenas o apoio do PSOE, quando tinha nas mãos a maioria. Por outro lado, uma coisa é haver acordo para uma moção de censura, outra é acordo para formar governo com o apoio da extrema esquerda (Podemos). Portugal tem uma geringonça que funciona, mas António Costa não teve o apoio de um partido com o poder e ideologia do Podemos. O bloco de esquerda está longe de ser extrema esquerda e o PCP não é assim tão difícil de agradar, mas há que dar mérito aos arquitectos da solução e da sua manutenção.
É curioso olhar para Espanha, porque os problemas são, em parte, idênticos aos de Portugal. Até na solução encontrada somos parecidos, mas, com os apoios perdidos, o desafio pode já estar sentenciado.