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sábado, 25 de agosto de 2018

Afinal há dois Pedrógãos





Afinal há dois Pedrógãos Grande: o Pedrógão dos pobres e o Pedrógão dos amigos do autarca (engloba todos aqueles que tenham cargos de elevada responsabilidade no Município). A recente reportagem da TVI sobre Pedrógão Grande colocou a "nu" os esquemas e as negociatas para favorecer os amigos, em detrimento daqueles que mais necessitam. Estamos a falar de uma vila onde morreram 66 pessoas queimadas pelo incêndio de 2017, e há quem tenha a distinta lata de, mesmo perante tal tragédia, beneficiar pessoas alheias a tal tragédia, em detrimento de outras que perderam tudo e em alguns casos seus familiares? 
Estamos a falar de crime. O que o Município de Pedrógão Grande fez, a ser provado (que a reportagem e seu excelente trabalho conseguiu fazer em parte, pelo menos conseguiu que os intervenientes nos esquemas falassem e foi suficiente para perceber que não cheira nada bem isto), nomeadamente os titulares de determinadas órgãos, onde um dos principais responsáveis é o Presidente da Câmara, foi de uma gravidade tal, que, para além de ter ser punido criminalmente (a ser dado como provado tais factos), deve ser imediatamente afastado do Município. Este e todos os restantes envolvidos neste crime. Ouvimos cidadãos afirmar que um Vereador o orientou para mudar a residência fiscal para beneficiar de uma nova casa, e que, ainda ficou com muito dinheiro, porque não gastou a maioria do que recebeu para a construção? Vimos também que, um sítio onde antes era um palheiro, ergueu uma brutal casa? 
Alguém beneficiou com isto. Está à vista. Os estabelecimentos prisionais foram construídos com a finalidade, não apenas de colocar lá os pobres, mas sim todos aqueles que praticam crimes, e aqui parece evidente que houve crime, é preciso agora encontrar seus responsáveis e recolher as provas. Esta evidência está nos testemunhos tão genuínos daquelas gentes ao afirmarem que tudo o que fizeram foi com ordens superiores, bem como as casas já erguidas que não eram de primeira habitação, como puderem comprovar variadas pessoas, ao invés, por exemplo, do testemunho do autarca, que apresenta pouca credibilidade, para não dizer mesmo zero.
Não é por acaso que, maioria das pessoas que entram para os Municípios, a exercer cargos de alta responsabilidade, em poucos anos, criam um património desajustado com aquilo que auferem, e ainda se dão ao luxo de, quando alguém os tenta investigar, contrariar factos, onde estes estiveram envolvidos, e maioria vezes, criados pelos mesmos.
Por isso, quando se pensa em atribuir cada vez mais competências aos Municípios em variadas áreas, e colocar os mesmos na gestão, é um erro, porque não existem modelos de gestão rigorosos, não existe responsabilização séria para os titulares destes órgãos e porque a "maioria" (há sempre excepções) das pessoas que, infelizmente ascendem a estes cargos não são competentes. Digo esta última parte da "competência" com base nos casos de corrupção tornados públicos dos variados Presidentes de Câmara do país, e nas dívidas acumuladas por parte maioria dos Municípios, alguns casos fora de controlo.