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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Homenagem ao Dr.Carvalho Guerra





Daqui a 40 ou 60 anos, tenho a certeza que a Universidade Católica terá uma estátua em homenagem ao Dr. Carvalho Guerra, pelo fabuloso e extraordinário contributo que deu em vida à Universidade Católica do Porto, e, sobretudo, pelas suas qualidades humanas. Foi, sem dúvida, e ainda é o pai da Universidade Católica do Porto. Contribuiu para o crescimento da sabedoria humana de uma forma sublime. É uma pessoa distinta, que soube dar ao Centro Regional do Porto da UCP aquilo que lhe faltava: sentido de missão. E que distingue esta universidade de todas as outras. 
Com Carvalho Guerra aprendi que a vida será sempre um sítio melhor se soubermos partilhar, se soubermos olhar para o outro e poder dar a mão. Aprendi que não existe limites para o sonho. Que qualquer um que ali se forma pode ser amanhã CEO numa grande empresa e no dia a seguir trabalhar num bar de praia, e depois voltar novamente a ter sucesso. Aprendi a não ser alguém por ter um estatuto, mas sim por ser aquilo que sou enquanto pessoa. Aprendi que nunca seremos um exemplo, por muito bons que sejamos tecnicamente ou até reconhecidos, se não tivermos alguma qualidade humana. 
Quando nos corredores da Universidade alguém dizia que na conferência do senhor X, ia falar inicialmente o Dr. Carvalho Guerra, a sala enchia, toda a gente ficava de pé, para o ouvir. Fosse para contar as suas experiências com o amigo Mário Soares, ou fosse para contar as vezes que andava pelas ruas do porto ajudar quem mais precisava. Só não marcava presença quando estava impossibilitado, porque valia sempre a pena ouvir alguém que dava gosto ouvir, e aprendia-se sempre qualquer coisa, porque a sua transparência, humildade, saber, ética, moral, transbordavam e contagiava qualquer um.
"Nós somos o que partilhamos". "Os homens não morrem quando deixam de viver. Os homens morrem quando deixam de amar, quando deixam de fazer aquilo que gostam". Ouvir isto é saber que estamos em casa, numa casa que fica eternamente nossa, porque ali somos todos um só. 



quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Iémen, um outro mundo


Iémen


Um país em guerra civil desde 2015, onde está instalada a anarquia, consequência da Primavera Árabe. De um lado o presidente Abdo Hadi, que é reconhecido pela comunidade internacional, e do outro lado os rebeldes xiitas huthi. As resoluções do conselho de segurança da ONU, sobretudo a última proposta pelo Reino Unido, para a passagem, sem obstáculos da ajuda humanitária, não têm sido eficazes, e a morosidade de todo este processo só agrava o problema, e, a cada dia que passa, mais crianças morrem à fome. Ninguém respeita a lei humanitária no Iémen, e, mais uma vez, assistimos à incapacidade dos Estados e da comunidade internacional em reverter esta situação. Ainda recentemente foi interrompido o abastecimento de produtos de primeira necessidade, empurrando milhares de pessoas para a fome e para a miséria. Isto agravou o risco de doenças, sobretudo da cólera. 
O Iémen fica situado numa zona geoestratégica muito importante, ao lado da Arábia Saudita (com quem divide a sua maior fronteira), e é uma porta para Ásia e África. Esperemos que este interesse geoestratégico, principalmente pela imponente força da Arábia Saudita sobre o Ocidente, não seja um impeditivo de denúncia de toda a miséria e fome no Iémen, onde metade da população já passa fome, e se nada for feito, poderá ter consequências imprevisíveis. 
Neste mundo, o que se passa no Iémen é mesmo de outro mundo. 

05.03.2001 - Ponte Hintze Ribeiro


Ponte Hintze Ribeiro - Entre-os-Rios - Castelo de Paiva

Em 2001, o país assistia a uma das maiores tragédias da sua história, onde morreram 59 pessoas, na queda da ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios. É bom lembrar, infelizmente devido a uma tragédia que marcou todos os portugueses, que houve alguém, que soube de imediato avocar a si as responsabilidades políticas, que foi o Jorge Coelho, à data Ministro do Estado e do Equipamento Social, onde afirmou: "A culpa não pode morrer solteira nesse sentido têm que se tirar as consequências políticas. Não ficaria bem com a minha consciência se continuasse". Foi uma atitude digna, de alguém que soube perceber o cargo que ocupava, não por ter alguma responsabilidade pessoal nos acontecimentos, mas pela responsabilidade política, que essa já era impossível de apagar. 
Agora a tragédia bateu à porta de Évora, numa ponte que ligava Borba a Vila Viçosa, e morreram duas pessoas e três estão desaparecidos. Mas, até ao momento, ninguém tem responsabilidade no sucedido. 
Como dizia Winston Churchill: "A vida dá lições que só se dão uma vez". Mas, mesmo assim, há quem não queira aprender com o passado, nem sequer abrir os olhos perante o presente.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Touradas, IVA a 56%.





  Acredito que, daqui a uns anos, ninguém se vá lembrar destes debates de aceitar ou não que um homem atire ferros contra um animal em sofrimento, sob um manto de pessoas aplaudir. Tenho vergonha de saber que existem pessoas neste país que defendem práticas do tempo da idade média, ou seja, as touradas. Há quem entenda que é uma questão cultural, mas trata-se de uma questão civilizacional, e, permitir este acto hediondo é regredir no tempo, e não aceitar a evolução, é ficar fechado em torno de um vazio intelectual, que, voluntariamente não quer aceitar que o mundo em que vivemos é um mundo diferente, e que não deve aceitar este espectáculo ridículo e ancestral, que faz lembrar os piores tempos da nossa história. Nestas discussões em torno da tauromaquia, consegue-se perceber que evoluímos e estamos a evoluir em muitos aspectos, mas, por outro lado, percebe-se que ainda há costumes da nossa sociedade que teimam em não desaparecer naturalmente, porque há forças maiores que o impedem, mas espero que existam pessoas de pulso firme que acabem de vez com este espectáculo degradante que são as touradas. 
   Se não for possível acabar, para já com este circo hediondo, pelo menos que seja taxado, não a 23% (que é o máximo), mas a 56% (crie-se uma taxa única). Discutir a possibilidade de baixar para 6% é uma aberração. Quando temos pessoas pessoas que não conseguem levar um animal doméstico a um veterinário por não terem dinheiro, onde o IVA é 23%, como não conseguem ter dinheiro para comprar ração, que também é a 23%. E aqui ao lado na vizinha Espanha, estes produtos alimentares pagam apenas 10%. E querem ter um IVA a 6% para ver um animal com farpas?

sábado, 10 de novembro de 2018

Nova Caledónia



Nova caledónia

Canacos


A questão era saber se os 175 mil eleitores deste fantástico e deslumbrante arquipélago e território francês desde 19853 (que se situa a 18 mil km de Paris), queriam emancipar-se da França e tornarem-se independentes, num momento em que o mundo assiste a uma "febre" de independentismo, que acordou povos adormecidos, mas que aqui já vinha do acordo de Noumea, assinado em 1998 (que estabelecia que a França permitisse aos habitantes da nova Caledónia decidirem se queriam ou não tornar-se independentes). A questão fez soar os alarmes em Paris, porque estamos a falar de umas ilhas onde se concentram quase um terço das reservas mundiais de níquel. A vitória foi de 56,4% contra 43,6%, e o líder independentista já afirmou que irá reivindicar um novo referendo nos próximos dois anos. A palavra decisiva no referendo como seria de esperar, afinal não coube aos canacos, uma etnia milanésia, que representa 40% da população.
Não deixa de ser interessante este referendo, porque, se de um lado a ideia seria emancipar-se da França, por outro lado, a acontecer, cairia sob a influência da China.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Ubiquidade ou Aleive?




Bem, não se tratasse de um orgão de soberania, que é a Assembleia da República, e talvez não fosse isto um tema, mas o disparate é tal, que não pode, e bem, ser olvidado. Quando estava a ler a entrevista no jornal expresso do deputado do PSD José Silvano, não queria acreditar no que estava a ler, mas, infelizmente, começa a ser normal que diversos deputados não sejam um exemplo para o país, e isto é preocupante. O deputado, formalmente, não faltou a nenhuma das 13 reuniões plenárias realizadas no mês de Outubro, mas, na verdade, foi descoberto que, pelo menos num dos dias, estava em Vila Real, ao mesmo tempo que a sua senha tinha sido validade na reunião de plenário. Alguém entrou no seu computador, introduziu a senha e registou a sua presença. O mesmo ao jornal expresso afirma: "Alguém pode ter validado. Eu não validei. Não sei justificar", fazendo passar a ideia que não sabia de nada, que fizeram tudo nas suas costas. São uns malandros aqueles que assinaram por si sem este saber de nada. Olha que não se faz. Ou seremos todos uns fiéis ingénuos? A falta estaria sempre justificada por estar em "trabalhos políticos", mas a diferença é que não receberia os € 69,19 euros de ajudas de custo a que teria direito por viver fora da área metropolitana de Lisboa.
Um péssimo exemplo, de alguém que, para além de fazer o papel de mau aluno, não assume o erro depois de ter sido chamado atenção e tenta ludibriar os demais quando os factos são incontestáveis.