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terça-feira, 26 de março de 2019

Educação: formar pela incompetência!





Não quero acreditar no que li, nem sequer em tal hipótese: "alunos do ensino profissional vão poder ingressar no ensino superior sem exames nacionais"? A ideia é que quem termine o ensino secundário através do curso profissional tenha uma forma de acesso diferente, definida pela instituição. E pretendem que entre em vigor já no próximo ano lectivo. Este Ministro da Ciência e Tecnologia foi o mesmo pretendeu atribuir mestrados a todos aqueles que eram anteriores ao regime de Bolonha. Esta medida (e desculpem o populismo) é uma vergonha, mas o mais grave na medida está no facto de ser a instituição a definir os critérios para o aluno entrar no ensino superior (já que não terá os exames nacionais). Portugal aprende ou aprendeu algo com o passado? Nada. Tivemos casos gravíssimos de universidades que atribuíram licenciaturas a pessoas sem estas terem efectuado as cadeiras suficientes ao abrigo de critérios implementados pelas próprias, e este Ministro quer atribuir às instituições que vão ministrar os cursos profissionais que sejam estas a definir os critérios, numa porta aberta para um regresso ao passado. Esta ideia de facilitar o acesso ao ensino superior pela via da incompetência e pela falta de estudo é, infelizmente uma prática que acontece ao longo dos anos (com algumas interrupções - mudanças de governos), e, só desprestigia o país. 
Quando vemos que o país tem muita gente formada em universidades (algumas feitas à medida) pouco ou nada prestigiadas (sem exigência e rigor), já com regimes suficientes (com várias opções) excepcionais para quem pretende estudar mais tarde, ou até ingressar no ano zero (para depois ter acesso logo ao primeiro ano sem fazer, por exemplo, exames nacionais), agora os objectivos passam por arranjar ainda mais formas e alternativas ao modelo normal de acesso ao ensino superior. 
Em Portugal, não se resolvem problemas, adensam-se os mesmos. Há pouco, um vencedor do prémio Nobel afirmava: "como é possível um país como Portugal com tão poucos licenciados não os conseguir colocar no mercado de trabalho? Alguma coisa de grave se passa". Isto é que deveria ser alvo de reflexão, mas dá mais trabalho. Há muito que este é um dos maiores problemas do país: a economia não acompanha as pessoas que se formam e os sucessivos governos pouco ou nada têm feito relativamente a isso. Os debates juntos das universidades são fundamentais e a procura de soluções em conjunto com empresas e todos intervenientes no processo de selecção dos licenciados é crucial para inverter rumo das coisas. 
Somos o país das psicólogas a trabalhar em caixas de supermercados; das licenciadas em acção social a trabalhar nas limpezas; etc, e continuamos a querer formar pessoas em catadupa sem olhar para o principal problema: a sua colocação no mercado de trabalho. Existem universidades que estão ao nível do lixo no mercado de trabalho, e gostaria de saber se continuar a permitir aumentar o número de licenciados nessas faculdades vai ser benéfico para o país. 
Esta medida é igual às novas oportunidades, com uma diferença: aqui está a porta aberta para o ensino superior sem qualquer exigência e rigor. Esta medida é um perigo e um péssimo sinal à sociedade.
Se não fosse verdade, diria que seria uma brincadeira uma medida desta pobreza intelectual.