Hoje, reflectir sobre o "matrimónio" é, para diversos seres humanos, assumir um erro, por falta de qualificação e dedicação à escola e ao conjunto dos seus valores. Procurar uma definição de matrimónio exige-nos socorrer-nos do Código de Direito Canónico (Canone 1055 ): " o pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, entre os baptizados foi elevado por Cristo Nosso Senhor à dignidade de sacramento". Um dos aspectos essenciais é a "comunhão íntima de toda a vida", que exige uma obdiência eterna a um conjunto de valores fundamentais e basilares, que passam por um respeito supremo pela mulher. Tratando-se de uma comunhão de vida, tem haver um sustentáculo ontológico da comunhão de vida, isto é, sustentar valores em regime de solidariedade recíproca. As pessoas assumem este compromisso, mas têm a real consciência dos valores subjacentes a este instituto ? Esta é a pergunta central da questão, da degradação do instituto, da desilusão de parte dos seus membros que falharam o pacto, da dificuldade de superação dos momentos e da interiorização da igualdade entre os cônjuges. Será que em todos os "matrimónios", as pessoas que assumem o pacto estão preparadas para concretizar com êxito este passo ? A vida exige-nos racionalidade e inteligência nos nossos actos, pensar antes de agir, pensar nos valores que sustentam o instituto, e que, sem eles, o instituto desaparece substancialmente, existindo apenas no aspecto formal. Referindo-me aos valores, dentro dos essenciais, é necessária uma aptidão para colaborar no desenvolvimento da vida cônjugal, o que implica o respeito pela consciência do outro cônjuge ( um valor perdido em diversos matrimónios) e aceitação da responsabilidade de ambos os cônjuges; um equilíbrio mental e sentido de responsabilidade requerido para sustentação material da família, que consiste numa fundamental estabilidade no trabalho. Não me esqueço de um pequeno episódio relatado pelo estimado Padre Pinho Ferreira, em que numa palestra para um público indiferenciado, discutia-se o valor do respeito pela consciência do outro cônjuge, mais especificamente, o respeito pela liberdade religiosa do outro cônjuge, isto pelo facto de o homem não querer que a mulher (muçulmana) fosse para a mesquita no momento em que ele ia para igreja. Isto prova a ignorância quanto a um valor fundamental deste instituto, relata a desqualificação relativamente a esta escola, porque se há valores, esses valores devem ser cumpridos e a vivência prática demonstra que diversos são os membros (homens e mulheres) desta escola que vivem sufocados, perdidos nos livros dos valores, fora da estrada matrimonial, não por culpa sua apenas, penso que a culpa é também da "facilidade" em contrair matrimónio. " Quero casar, mas não quero ter filhos", quem já não ouviu colegas ou pessoas próximas proferirem tais palavras ? Lembrando o Canone 1055, a procriação é um dos fins do matrimónio, logo quem não quer ter filhos não deve contrair matrimónio, ou tem lógica ser membro de um instituto violando as suas regras ? Sejamos rigorosos e sérios, não faz sentido.
Em suma, penso que este instituto evoluia e haveria mais humanização entre seus membros, se houvesse mais qualificação, que teria como consequência, uma maior consciência dos seus valores, direitos e deveres.