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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Sul da Europa: A r(evolução)


   



    A cada dia que passa, a situação agrava-se, e a Europa parece perdida no meio de um imbondeiro, á deriva no atlântico. O busílis reside no facto de ninguém conseguir responder á  seguinte questão:  onde estamos e para onde nos levam? 
   Grécia, Espanha, Itália e Portugal são o problema interno da Europa  e a consequência de uma Europa individualista, sem respeitar o principio da solidariedade, porque ser solidário não é apenas ajudar a pagar dividas. Falando de Portugal, pedem-nos para crescer 3% , quando há 18 anos que em Portugal não temos um crescimento desse valor, o que terá como consequência uma renegociação da divida, ou não conseguiremos pagar. Pedem flexibilização no mercado de trabalho (recentes leis de trabalho como Banco de horas, redução pagamento das horas extraordinárias,  horário concentrado, medidas controversas, que talvez um dia nos coloquem, ao nível dos japoneses, onde o local de trabalho é o seu principal meio de socialização), mas na verdade, estamos ainda longe de atrair investidores, porque, por exemplo, enquanto um pedido de licença  ainda demorar meses ou anos e, no país ao lado, o conseguir em dias, não estamos a flexibilizar. Pedem redução de salários, mas pergunto: há alguém que se ache motivado a trabalhar com o salário mínimo? E, será que o passado mais recente de Portugal, veja-se, lembremo-nos do tempo do fascismo: em que resultou a politica de redução de salários? Fome e miséria, e até foi no celebre discurso em que Salazar afirmou que cortaria 25% no seu vencimento, ao JN, em 1928. Pedem-nos para reduzir a despesa, e o Governo, de forma pouco clara, continua sem conseguir cumprir este ponto, e quando o faz, como agora com o IRS (esperando pela publicação), atinge sempre a mesma classe e com a mesma finalidade: classe média e redução de salários. Pedem-nos para crescer, mas aonde esta o crescimento económico,  as medidas para podermos crescer? Mais preocupa, olhar para a vizinha Grécia e perceber que já estão em resgate há muito, e, o problema continua, e, agrava-se a cada dia ainda mais, sem futuro. Pedem-nos para combater o desemprego, e, não existe uma medida de combate a este flagelo, visto a obrigatoriedade para cumprir imediatamente e celeremente o acordo internacional, e, devido ao fraco desempenho do Ministro da Economia. Pedem-nos para obter consenso entre os partidos e o dissensso vence, porque não existe PS, a não ser que António Costa decida avançar a qualquer momento, Bloco e PCP não são alternativa. 
    Se pensarmos nos perigos em estarmos nesta situação  surgem-nos alguns, assim de repente, tais como: crescente taxa de desemprego e falta de reacção politica, crescimento do numero de pensionistas, despesas sociais, endividamento externo, que conduzira em 2015, a perto de 200% do PIB.
    Em 2009, no Palácio da Bolsa, numa conferencia do Dr. Medina Carreira, em que entre outros, se encontravam Miguel Cadilhe (alertando para uma possível mudança de regime), num pequeno texto que guardo comigo,  o autor afirmava: "há momentos históricos  dependentes, decisivamente, de um só pormenor: o Estado Novo naufragou por falta de solução para as guerras coloniais. Sem resposta eficaz para o presente afundamento económico  a actual democracia mergulhara o nosso país numa confusão financeira e social, de efeitos dificilmente previsíveis  e acabara por ser substituída  Provavelmente, entre 2015 e 2020."
       Termino, desejando a evolução da Europa e não a sua revolução.