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terça-feira, 27 de maio de 2014

Vazio Eleitoral

   



    Houveram eleições europeias?
   Isto é sobre aquilo que todos nos devemos questionar: foi um debate europeu com lugar europeu ou um debate nacional com lugar europeu?
   Bem, acho que estas eleições europeias foram demonstrativas do vazio político em que se encontram a maioria dos partidos políticos. Tudo começou mal e tudo acabou mal nesta eleições europeias. A começar pela eleição não essencialmente dos seus cabeças de lista, mas dos números 2, 3, 4, 5, etc. A forma como foi feita a selecção (aqui falando dos dois maiores partidos) demonstra bem a forma como tudo começou. A desvalorização que os próprios partidos atribuíram a estas eleições é bem patente. Impressiona-me ver pessoas como o Dr. Paulo Rangel (o qual conheço de outras lides e tem valor) a ter um discurso de aparelho partidário, quando estamos perante uma pessoa que sabe e escreve sobre a Europa, mas que tem feito as coisas segundo o "costume" partidário. Já quanto ao CDS, Nuno Melo foi uma pessoa que vinha a construir um percurso interessante no partido, mas que perdeu imensa credibilidade e reputação política com estas eleições europeias, pois sempre que aparecia era a dizer mal do PS, e isso aguenta-se uma, duas ou três vezes no máximo, mas em exagero caí no vazio político. E se não mudar a sua linha de actuação, pode a curto prazo aniquilar esse percurso interessante que vinha a fazer no CDS.  
   Quanto ao PS, nada me surpreende aqui. Aqui, antes tinha escrito, que Seguro jamais poderia chegar às eleições legislativas (porque vive à parte da realidade do país), sob pena do PS poder tornar-se num partido de "charcutaria", o que não acreditava, porque tem pessoas de valor, como António Costa, que tem algo a dizer. António José Seguro nunca teve noção dos problemas que o país enfrenta e da luta que as pessoas travam, e isso é determinante para neste momento dar credibilidade ao partido. Quando ganhou estas eleições, a sua preocupação era "cantar" vitória, e nunca falar para os portugueses, e isso é o retrato destas eleições: tudo ganhou e quase 70% dos portugueses abstiveram-se. 
   Interessante, mas para mim nada surpreendente, foi eleição de Marinho e Pinto, pelo Movimento do Partido da Terra. Escrevi hà uns anos que isto iria acontecer, porque a Ordem dos Advogados seria um trampolim para o "espectáculo" político. Mas para quem ficou surpreendido, que olhe aqui para o lado, para a vizinha Espanha e perceba que nada acontece por acaso. Pablo Iglésias, líder partidário do "Podemos", lançou o partido a 11 de Março deste ano e foi o suficiente para conseguir cinco lugares no Parlamento Europeu. Foi a surpresa da noite em Espanha e reparem nas declarações de Pablo após esse feito inédito: "não há razões para estarmos contentes. Haverá mais desempregados e mais despejos e Merkel continuará a tomar mais medidas contra cidadãos". Agora olhem para este discurso de individualidades que sozinhas conseguiram um "feito" e vejam o discurso de grandes partidos. Isto demonstra que os partidos e seus partidários mostram que já nem "falar" para as pessoas conseguem e isso pode ser potenciado por fenómenos como estes. 
   Hoje, foi o MPT (Movimento do Partido da Terra) aproveitar o afastamento dos políticos das pessoas. Amanhã será outro, e se nada for feito, a nomenclatura política pode mudar na Europa, e, Portugal não será excepção. As pessoas falaram, maioria em silêncio, e isso deve ser interpretado como um alerta.