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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Independência da Escócia












   Afinal virou dia e a moeda mantém-se. A união que já vem desde 1707, altura em que Inglaterra e Escócia formaram o reino da Grã-Bretanha, passando depois a uma união real, com a formação do Reino Unido, e, que agora, esteve em causa, em detrimento da possibilidade da independência da Escócia. Mas o que mudaria se a Escócia acordasse independente? Participação de 84% ? Não terá sido uma verdadeira lição a utilização deste instrumento político? O que muda a partir daqui? Haverá sequer negociação? E reforço de autonomia? Será este o "bode expiatório" que faltava para o efeito "bola de neve" começar a surgir? Não será este um "alerta" para a União Europeia ? 
   O que se passou na Escócia foi uma lição de democracia, porque quando 84% da população se desloca às urnas, é a democracia no seu esplendor, que, por força da globalização e do descontentamento das pessoas, leva uma multidão a querer participar nos destinos do seu país. Talvez outros países, entre eles o nosso, deve olhar para isto e perceber que os cidadãos devem participar na vida política. E é justo não esquecer o papel que teve o primeiro ministro escocês Alex Salmond, que demitiu-se após o resultado, mas que teve um papel decisivo no acordo conseguido com o Reino Unido para a realização do referendo. Mas, não podemos olhar para esta questão da "independência" só com "prós", porque ela aqui também teria os seus "contras" (possíveis de ultrapassar), não estivéssemos nós a falar de um país que, após se tornar independente resumia-se a 4 milhões, o que teria desde logo consequências, e que, para além de questões como petróleo e a moeda, os apoiantes do "sim" não conseguiram dizer o que fazer após a vitória, sabendo que os líderes locais das ilhas na Escócia já tinham afirmado que se ganhasse o "sim" não iam respeitar essa decisão, sendo que nas ilhas é onde está o petróleo. 
   O efeito "bola de neve" pode surgir, sendo que já hoje assistimos, após a vitória do "sim", ao anuncio da Catalunha que prometeu organizar um referendo a 9 de Novembro, sendo que a Catalunha é outro caso, que tem ser analisado em específico, com implicações diferentes da Escócia. Fala-se na Catalunha, como se pode falar na Crimeia (embora aqui discutia-se a legitimidade do governo) ou na Bélgica ("flamengos", onde o partido nacionalista flamengo pode lembrar-se a qualquer momento avançar para um acordo de referendo). Relativamente à Crimeia, vai ser interessante perceber como enfrentar a situação, porque chegou haver um referendo, embora discuta-se a legitimidade do governo. 
  No futuro, isto é a prova de que o povo vai e deve ser consultado, porque o caminho está a ser feito nesse sentido e contrariar isso será remar contra a maré.