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domingo, 7 de setembro de 2014

Golpada Socialista









       Terá sido o "golpe" usado por António Costa uma forma justa de aniquilar o seu adversário? Terá sido um golpe preparado e pensado ao longo de 3 anos? A resposta politicamente correcta seria: "se está nos estatutos pode". E, melhor, será que a aproximação ao território do inimigo (colocando as suas tropas no terreno e em lugares do próprio inimigo) não fazia parte do golpe, e, as listas para as eleições europeias não foram apenas mais um mote para confundir o adversário e não o deixar perceber o golpe?
   O golpe quase que deixou o adversário KO, se não o deixou mesmo, que parece não haver dúvidas, com as sondagens a dar resultados de 70% a Costa, eliminando Seguro da política, e acabando com o que resta da sua pobre imagem política. Mas vamos ao golpe, e tentar perceber como é que foram criadas as condições para o aplicar. Se olharmos para José Sócrates, percebemos que muitas das suas caras transitaram para apoiantes de Costa, e desde hà 3 anos, que foram posicionando-se politicamente, esperando pelo momento. O regresso de José Sócrates para o comentário na RTP1 representou a chegada de um dos DDT (Dono Disto Tudo) do partido socialista à campanha de Costa (campanha oculta, mas no terreno hà muito tempo). Se pensarmos nas eleições europeias, e em Assis (que era um dos nomes da ala Costa, o que já não acontece hoje), essas eleições tiveram quase para acabar num ringue de batalha, e subtilmente Costa decidi um acordo, em troca de tropas (deixas meter aqui algumas das minhas tropas e eu não faço nada). Mas, Seguro não percebeu que politicamente estava a perder território e que estava rodeado de tropas que faziam muito barulho, mas que jamais conseguiriam derrotar as tropas de Costa, que tinham e têm outra habilidade política. Costa só precisou de conseguir colocar tropas em todos os lugares e territórios do inimigo, para quando fosse dado o golpe, saber que seu adversário não teria hipóteses. Por exemplo, o presidente do partido, Almeida Santos, foi sempre um dos melhores soldados de Costa, que após andar no território do inimigo (território de Seguro), fazendo o seu papel enquanto presidente, soube no momento do golpe juntar-se ao seu exército para derrotar o adversário, e ir buscar alguns ex-combatentes como Jorge Sampaio e Manuel Alegre. Obviamente que aqui não podemos esquecer o Mário Soares, ex-combatente de luxo da ala Costa, soube sempre afirmar que ajudava no golpe, e, mesmo já não estando no activo, chegou a estar na linha da frente no ataque ao adversário, começando pelos jornais anunciar que o PS precisava de mudar de líder, porque com este não chegaria a lado nenhum.
  Talvez a porta de saída do PS do "beco" em que se encontra mergulhado seja só uma: eleger Costa. Mas muita gente questiona , e bem : "qual a diferença politicamente entre ambos"? Acho que aqui, depois da golpada (já que não o fez antes nem durante), Costa ainda tem esclarecer melhor o que pretende fazer (porque ainda não se sabe e devia saber-se) e como, porque ainda é muito pequena a diferença entre as políticas de ambos. Mas, a verdade é que Seguro até hoje não conseguiu unir o partido que lidera, nem ter um bom exército (possuindo tropas pouco treinadas para o combate político), e pior, não conseguiu convencer os portugueses, criando uma imagem fraca politicamente e completamente desgastada ao final destes 3 anos, sem qualquer hipótese de governar o seu próprio partido, quanto mais o país. Lembro-me ás uns tempos de um episódio engraçado. Estávamos  num jantar, e em conversa política, falou-se do PS e de Seguro e quando se perguntou se alguém gostava dele (entre os presentes estavam prezados socialistas assumidos), o único que disse que sim foi um espanhol que pouco sabia sobre ele e que não votava cá. Acho que Seguro não tem cariz (nunca teve) para estar na política, e até seus poucos simpatizantes têm vergonha em dizer que o apoiam, porque na verdade percebem que a sua sentença política está declarada, tudo o resto é uma questão de tempo. E agora, após a Golpada, sabendo que Costa irá ganhar, a vergonha e o medo aumenta, porque o poder vai mudar de mãos e ninguém quer ficar inimigo do poder. Acho que actualmente desvaloriza-se muito o "carisma" e a forma de lidar com as pessoas para se estar na política, mas isso é esquecer e ignorar a história e a política. Talvez as consequências disso sejam o aparecimento de pessoas na política como Seguro. Os grandes políticos nasceram e morreram todos com carisma, com o carisma que os fez estar na política, a política de chegar ás pessoas, diferente da de hoje, cada vez mais a política de afastar as pessoas.
   Costa posicionou-se publicamente muito bem, conseguindo um carisma interessante e deu o golpe no momento em que seu adversário já tinha perdido as forças e estava completamente de rastos ao final destes 3 anos de luta pouco conseguida. Seguro provavelmente irá desaparecer politicamente e um dia as páginas da história, para lembrar este momento, serão escritas com o seguinte título: "Golpada Socialista".