A recente polémica dos cartazes, em que foram colocadas pessoas nas fotografias que nem sequer deram autorização (sendo que uma delas já tornou público que vai apresentar queixa junto das autoridades) demonstra um amadorismo político, que, é pouco compreensível do maior partido da oposição.
Recentemente, todos assistimos ao "esbulho" socialista em torno das listas para deputados à A.R, em que os deputados atiraram-se literalmente uns aos outros em jogo de palavras pouco bonito de ver, onde em causa estavam 4.000 a 5.000 euros por mês, e, para quem vive da política e dela serve-se, como maioria, foi quase uma espécie de vale tudo, onde pouco de positivo se viu e ficou demonstrado e a nu que mais espectáculos destes podiam surgir, derivado da qualidade dos seus protagonistas.
António Costa foi desde cedo completamente engolido pelo aparelho partidário do PS, onde antes de se candidatar, tinha ligações que jamais podia romper ou pensar cortar, o que lhe dificultou a vida e foi um erro ter deixado a "clientela" apoderar-se da sua liderança. Este caso do "esbulho" foi um caso típico em que perdeu completamente o controlo do partido. Mas se alguns entendem que aí não foi suficiente, com esta história dos cartazes não há dúvidas que perdeu esse controlo, a não ser que entendam que foi António Costa quem esteve por detrás da construção destes cartazes, o que não acredito, ou acho pouco plausível, porque nos partidos sempre existiram pessoas para aconselhar a liderança. Como é possível num partido como o partido socialista se cometer um erro desta magnitude, ao usar pessoas sem autorização das mesmas? Como é possível, no meio de centenas ou milhares de pessoas assalariadas no partido e com funções específicas, cometerem o erro de colocar cartazes que remontavam a 2011, altura em que era o PS que estava no Governo?
Mas a falta de reacção e o silêncio perante tal erro ainda pode ser mais demonstrativo de que este PS não está bem, e já não é de hoje. Um erro desta magnitude, no mínimo, tinha que ter uma resposta imediata e clara, porque estamos a falar de pessoas, e, se nem quando falamos de pessoas, dos portugueses, o partido dá explicações ou esclarece, jamais pode sequer pensar em governar nestas condições. Aliás, é difícil de entender esta forma de fazer política do "silêncio" ou do "no momento oportuno falarei", quando existe um dever de resposta, porque estamos a falar de cargos de natureza temporária, que indirectamente (alguns mesmos directamente) pertencem ao povo, e estes representam-no.
António Costa deixou-se encruzilhar no discurso político instalado de "arremesso", de debate pouco inteligente ou quase mesmo "vazio" que afasta os portugueses, quando devia impor qualidade no discurso, porque tinha qualidade e perfil para isso, mas nada disso aconteceu, e, chegamos mesmo a vê-lo nos discursos de "arremesso" a dizer mal deste ou daquele, quando o PS necessitava era de clarificar suas políticas e debater temas importantes para o país, mas todos nos lembramos de questões "chave" onde o PS (já com António Costa ao leme) meteu o "rabinho entre as pernas" e deixou-se estar calado.
António Costa certamente não perdeu as qualidades que tinha antes de ir para presidente do partido socialista, mas foi engolido completamente pelo aparelho partidário e, aliado a isso, tem demonstrado uma completa falta de liderança política (essencial para governar um país), num partido, onde a cada dia que passa, cada "tombo" é maior que o anterior, e assim continuando, pode ser que chegue o dia em que caia mesmo de um precipício e já não se consiga levantar, porque na política, o tempo não pára e os erros pagam-se caros.