António Costa ao tentar negociar com a esquerda a viabilização de um Governo está a fazer uma jogada de alta risco. Não deixa de ser interessante assistir, por exemplo, ao renascer da democracia, principalmente ao podermos assistir formalmente ao Bloco de Esquerda e Partido Comunista a negociar acordos de governação. Mas será que isto vai mais além que o simples acto formal? Tal jogada dificilmente era feita se não estivesse em causa uma questão de sobrevivência política, mas duvido que a única forma de "limpar" a sua face política fosse virar à esquerda, principalmente por tudo o que até aqui defendeu e porque isso acarreta consequências graves a longo e talvez curto prazo para o PS. Mas, a forma como conduziu a sua política (indecisão sobre tomada de posição ao centro ou à esquerda) levou a que hoje fosse forçado a escolher entre governar com a direita ou com a esquerda, para salvar a sua face. Só que o PS tem estado politicamente longe dos actuais partidos à sua esquerda, o Bloco de Esquerda e o PCP. Os programas políticos destes partidos são uma espécie de barril de pólvora prestes a eclodir a qualquer momento no seio do PS. Numa leitura pelo programa do PCP lê-se, entre várias coisas, que defende renegociação da dívida; uma nova política fiscal; nacionalização banca, energia e transportes; aumento dos salários e pensões; construção novo aeroporto Lisboa e construção nova Travessia Tejo entre Chelas e Barreiro; eliminação sobretaxa extraordinária; taxa para bens de luxo; reposição salários na Administração Pública; aumento pensões e acabar com as taxas moderadoras. Não esquecendo que há mais de 40 anos que o PCP não consegue ser solução no quadro governativo e tem uma política de afastamento e crítica quanto à União Europeia e à própria NATO. Quanto ao Bloco de Esquerda, entre outras, pode ler-se que defende a reestruturação da dívida; devolução dos salários à função pública: redução IVA na restauração; taxa sobre bens luxo: criar subsídio social desemprego "generalizado": nacionalizar a banca; criar taxa sobre o valor acrescentado bruto às empresas para garantir sustentabilidade da Segurança Social; nova escalão IRS para rendimentos mais elevados, bem como tributar os lucros acima de 12,5 milhões. O Bloco de Esquerda também tem tido uma política de ruptura com a Europa. Basta lembrar que a decisão, por exemplo, de nem sequer se sentarem à mesa das negociações com a Troika, quando esta veio a Portugal, o que gerou divisão dentro do partido, tendo levado alguns históricos abandonar mesmo o barco. O difícil para o PS não será tanto conseguir algumas convergências no que concerne a medidas de esquerda, porque o PS, defende algumas medidas que defendem estes partidos, como por exemplo, no âmbito das prestações, a ideia de que é preciso atribuir mais subsídios e, o PS chega mesmo a defender a criação de uma prestação social para tirar as pessoas da pobreza (veja-se o exemplo do Brasil, do Bolsa Família). Esta ideia de prestação social para os pobres não parece até ser uma má ideia, mas tem de ter um controlo rigoroso, caso contrário, corre o risco de beneficiar quem não precisa, como acontece com muitas prestações sociais em Portugal. O PS também defende a descida do IVA na restauração, bem como o aumento do salário mínimo nacional. Aqui estas duas são também medidas defendidas pelo Bloco e PCP. Ou seja, será sempre possível fazerem acordos quanto a determinadas medidas políticas, porque há de fato pensamentos convergentes. Mas, o posicionamento político de Bloco e PCP será um problema para o PS e o discurso político destes perante a Europa e o panorama internacional, onde se sabe que, principalmente o PCP tem posições firmes e algumas completamente anti democráticas, basta para isso ver onde figura os seus regimes no Mundo e perceber que cada um é pior que o outro. O PCP tem incluído no seu programa eleitoral a defesa da saída do euro. Sendo que, o mais grave ainda, é que o PCP sempre criticou nestes últimos anos a posição do PS na Europa, entendendo que o maior erro de Portugal foi aderir à moeda única, quando maioria das política em Portugal dependem de um forte entendimento europeu, a não ser que queiramos ter um regime autoritário, onde fechamos as fronteiras, nacionalizamos tudo, e deixamos o país entregue aos três "F": FADO, FUTEBOL E FÁTIMA, como disse um dia Salazar e não era comunista. E ainda foi há pouco, no dia 7 de Julho que Jerónimo de Sousa teve o seguinte discurso: "Os programas PS/PSD e CDS são políticas de assalto aos rendimentos do povo e de entrega dos recursos naturais e representam a exploração, empobrecimento e submissão do país às imposições e instrumentos da União Europeia". O PCP será o grande problema do PS e este não vai mudar a sua linha de actuação política, e aconteça o que acontecer, sairá sempre a ganhar, já o PS pode ficar completamente diminuído politicamente e terá aceitar e a história mostra que não é o PCP que aceita as regras do PS mas sim será sempre o PS que terá aceitar as regras do PCP.
Pesquisar neste blogue
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
(In)Governabilidade
António Costa ao tentar negociar com a esquerda a viabilização de um Governo está a fazer uma jogada de alta risco. Não deixa de ser interessante assistir, por exemplo, ao renascer da democracia, principalmente ao podermos assistir formalmente ao Bloco de Esquerda e Partido Comunista a negociar acordos de governação. Mas será que isto vai mais além que o simples acto formal? Tal jogada dificilmente era feita se não estivesse em causa uma questão de sobrevivência política, mas duvido que a única forma de "limpar" a sua face política fosse virar à esquerda, principalmente por tudo o que até aqui defendeu e porque isso acarreta consequências graves a longo e talvez curto prazo para o PS. Mas, a forma como conduziu a sua política (indecisão sobre tomada de posição ao centro ou à esquerda) levou a que hoje fosse forçado a escolher entre governar com a direita ou com a esquerda, para salvar a sua face. Só que o PS tem estado politicamente longe dos actuais partidos à sua esquerda, o Bloco de Esquerda e o PCP. Os programas políticos destes partidos são uma espécie de barril de pólvora prestes a eclodir a qualquer momento no seio do PS. Numa leitura pelo programa do PCP lê-se, entre várias coisas, que defende renegociação da dívida; uma nova política fiscal; nacionalização banca, energia e transportes; aumento dos salários e pensões; construção novo aeroporto Lisboa e construção nova Travessia Tejo entre Chelas e Barreiro; eliminação sobretaxa extraordinária; taxa para bens de luxo; reposição salários na Administração Pública; aumento pensões e acabar com as taxas moderadoras. Não esquecendo que há mais de 40 anos que o PCP não consegue ser solução no quadro governativo e tem uma política de afastamento e crítica quanto à União Europeia e à própria NATO. Quanto ao Bloco de Esquerda, entre outras, pode ler-se que defende a reestruturação da dívida; devolução dos salários à função pública: redução IVA na restauração; taxa sobre bens luxo: criar subsídio social desemprego "generalizado": nacionalizar a banca; criar taxa sobre o valor acrescentado bruto às empresas para garantir sustentabilidade da Segurança Social; nova escalão IRS para rendimentos mais elevados, bem como tributar os lucros acima de 12,5 milhões. O Bloco de Esquerda também tem tido uma política de ruptura com a Europa. Basta lembrar que a decisão, por exemplo, de nem sequer se sentarem à mesa das negociações com a Troika, quando esta veio a Portugal, o que gerou divisão dentro do partido, tendo levado alguns históricos abandonar mesmo o barco. O difícil para o PS não será tanto conseguir algumas convergências no que concerne a medidas de esquerda, porque o PS, defende algumas medidas que defendem estes partidos, como por exemplo, no âmbito das prestações, a ideia de que é preciso atribuir mais subsídios e, o PS chega mesmo a defender a criação de uma prestação social para tirar as pessoas da pobreza (veja-se o exemplo do Brasil, do Bolsa Família). Esta ideia de prestação social para os pobres não parece até ser uma má ideia, mas tem de ter um controlo rigoroso, caso contrário, corre o risco de beneficiar quem não precisa, como acontece com muitas prestações sociais em Portugal. O PS também defende a descida do IVA na restauração, bem como o aumento do salário mínimo nacional. Aqui estas duas são também medidas defendidas pelo Bloco e PCP. Ou seja, será sempre possível fazerem acordos quanto a determinadas medidas políticas, porque há de fato pensamentos convergentes. Mas, o posicionamento político de Bloco e PCP será um problema para o PS e o discurso político destes perante a Europa e o panorama internacional, onde se sabe que, principalmente o PCP tem posições firmes e algumas completamente anti democráticas, basta para isso ver onde figura os seus regimes no Mundo e perceber que cada um é pior que o outro. O PCP tem incluído no seu programa eleitoral a defesa da saída do euro. Sendo que, o mais grave ainda, é que o PCP sempre criticou nestes últimos anos a posição do PS na Europa, entendendo que o maior erro de Portugal foi aderir à moeda única, quando maioria das política em Portugal dependem de um forte entendimento europeu, a não ser que queiramos ter um regime autoritário, onde fechamos as fronteiras, nacionalizamos tudo, e deixamos o país entregue aos três "F": FADO, FUTEBOL E FÁTIMA, como disse um dia Salazar e não era comunista. E ainda foi há pouco, no dia 7 de Julho que Jerónimo de Sousa teve o seguinte discurso: "Os programas PS/PSD e CDS são políticas de assalto aos rendimentos do povo e de entrega dos recursos naturais e representam a exploração, empobrecimento e submissão do país às imposições e instrumentos da União Europeia". O PCP será o grande problema do PS e este não vai mudar a sua linha de actuação política, e aconteça o que acontecer, sairá sempre a ganhar, já o PS pode ficar completamente diminuído politicamente e terá aceitar e a história mostra que não é o PCP que aceita as regras do PS mas sim será sempre o PS que terá aceitar as regras do PCP.