Porquê só agora ? O que levou tanto tempo a decidir? Onde está a estabilidade que sempre pregou?
Eu, ao contrário de muitos, que até em êxtase ficaram com a decisão do Senhor Presidente da República (alguns mesmo que esse êxtase seja repleto de ignorância), acho que este fez o que devia ser feito mas, comportou-se, mais uma vez, muito mal e teve a um nível político muito baixo, como ultimamente vem habituando os portugueses.
A decisão de indigitar Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho já vem tarde. Esta já devia ser tomada. Mas o que se deve questionar é a razão de tal demora de Cavaco Silva? Uma demora que já colocou Portugal nas bocas do mundo e até ouve quem voltasse a falar da Grécia pelo incumprimento na entrega do orçamento para 2016. Não se consegue perceber esta demora toda, para no final, fazer aquilo que podia ter sido feito logo de início. E mais difícil de perceber é, quando esse tempo é dado para negociações, e, sendo essas negociações essencialmente à volta da possibilidade de um Governo de esquerda com PCP e Bloco, o Presidente da República vem dizer que jamais aceita um governo onde sejam integrados esses partidos. Muita incoerência política vai neste discurso e nesta actuação do Presidente da República. Se jamais aceita esses partidos, porque permitiu e alimentou estas negociações, quando as mesmas deviam e devem (como vai acontecer) ser encetadas na Assembleia da República? Cavaco Silva veio trazer mais crispação política, quando a mesma já estava a um nível elevado, em virtude do panorama político pós-eleitoral. A sua tarefa era simples, mas decidiu-a complicar, e mais uma vez, agiu tarde e sem razão aparente, como se pôde verificar pelo discurso desta noite.