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quinta-feira, 2 de abril de 2020

Covid-19 - Esquecidos




As crises têm um efeito devastador naqueles com pouca capacidade económica: anula essa pouca capacidade existente e torna-os automaticamente indigentes na sociedade. Em 2008, a crise económica agravou problemas estruturantes da sociedade portuguesa, que vinham acentuar-se com o tempo, como por exemplo, a falta de emprego. E a resposta do Estado, ao nível de políticas de emprego público (por exemplo, os estágios para os jovens) foi ineficaz e de curto prazo, não resolvendo em nada o problema. Aqueles que não tinham emprego, a par daqueles que perderam o emprego com uma idade avançada (onde existe maior dificuldade de inserção laboral - ex: a partir dos 40 anos) e os idosos de baixa condição social foram esquecidos e atirados para o limiar da pobreza, tendo muitos não aguentado e descendo abaixo desse limiar, passando fome, perdendo a sua dignidade humana. É preciso evitar novamente a suspensão da dignidade humana de qualquer pessoa, seja qual for a sua condição social. Mas há algo inquietante que é ininteligível mas para alguns parece facilmente inteligível: porque é que os mais pobres não estão em primeiro lugar?