Num momento em que há uma pequena manifestação de preocupação em torno dos lares e do abandono de idosos, é pouco compreensível (e discutível) que não tenha existido alternativas para superar o isolamento. Por exemplo, permitir visitas mas com medidas restritivas, com separadores ou mesmo através de meios digitais. Há muito que os lares são depósitos de pessoas em final de vida. Faz lembrar as pessoas que aguardam no corredor da morte pelo seu dia. Já devíamos estar mais evoluídos e este é um problema gritante de vários países, principalmente no sul da Europa, onde existe um número galopante de idosos, em comparação com o número de jovens. Diogo Vasconcelos, que infelizmente faleceu numa idade precoce, já alertava para a necessidade de mudarmos esta forma de ver a 3.º idade e introduzir inovação e ruptura com este velho modelo. Sem dúvida que com tanta tecnologia, tanta inovação em tanta coisa, olhar para os lares é como que olhar para uma qualquer cidade pobre em África onde ainda não existe saneamento básico. Parece que não evoluímos aqui, parece que estamos ainda em antes de 1974. Não saber o que fazer com pessoas que nos deram tanto em vida é algo preocupante e merece uma das maiores reflexões do nosso tempo. E a tudo isto juntam-se factores estruturais ao nível do trabalho, por exemplo, que têm dificultado a nível familiar a proximidade geracional e facilitado a falta de acompanhamento necessário e fundamental da vida de um idoso.