O discurso de Marcelo Rebelo de Sousa em Mafra, é porventura, na minha opinião, um dos discursos mais responsáveis e sérios que ouvi nos últimos tempos em Portugal, de uma pessoa mais “independente” do que “partidária”. Neste meu entendimento individual, este discurso fez transparecer para a opinião pública a ideia de que, independentemente da qualidade registada e visível de dois candidatos, em especial da elevada qualidade de Paulo Rangel, Marcelo Rebelo de Sousa era a melhor pessoa para o cargo em discussão e em eleição.
Quando Marcelo Rebelo de Sousa falou no voluntariado, referiu com verdade que cada vez menos as pessoas (jovens) encontram causas pelas quais se debatem nos partidos, o que contrariamente acontece no voluntariado. Não podia ser mais verdade esta retórica, pois umas das premissas do voluntariado são as causas pelas quais as pessoas se debatem e o “respeito pela dignidade da pessoa humana” assente numa sociedade de valores. A política precisa de valores e a reposição desses valores passa pela credibilidade nas escolhas políticas. Marcelo lembrou de forma séria e com assertividade o passado ao dizer “que os partidos nasceram para dar voz ao povo”. Se pensarmos com verdade nesta ideia, cada vez mais há afastamento dos políticos do povo, sem razão de coerência mínima, pois também isso é “cortesia social”, elevação e probidade, mas encontrar essa elevação começa a ser um caso de “distinção política”.
Foi descrita de forma patente e ponderada a realidade do país e a forma “omissa” como ritual de actuo do governo em relação a essa verdadeira realidade ou a forma “activa enganadora” como ritual alternativo, tendo sempre em mente umas próximas eleições, coisa que, infelizmente, não deixa o Governo dormir descansado e tomar medidas sérias, sem receio da contestação social, que será inevitável se quiser optar pela via da responsabilidade.
Neste discurso, Marcelo não deixou de referir que os políticos e os gestores deviam dar o exemplo, mas pergunto quando isso irá acontecer? Este Governo concorda que deviam dar o exemplo, mas o que verificamos é gastos e mais gastos em pessoal (vejam o número de pessoas que enchem os gabinetes da A.R e que são nomeados pelo governo) e viagens por parte dos políticos e não vemos um exemplo digno de louvor. Eu acho que Marcelo discursou de forma séria e com elevação e categoria, pensando no futuro do país, não transparecendo a sua “veia partidária”, mas transparecendo a sua inteligência e independência pessoal na transmissão das suas ideias políticas, terminando com a preocupação e apelo dirigido a todos que gostam da política: “ que a política precisa de gente séria, independente e com mérito”.