Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Sábias palavras


Cavaco Silva




  Bem, se as coisas estavam agitadas e num ambiente de turbulência em detrimento da questão grega, com as declarações do nosso presidente Cavaco Silva, pelo menos ao nível da aritmética e astrologia, ficamos mais descansados, a fazer fé no que foi dito. Em primeiro, quando o nosso presidente diz: "Se a Grécia sair ficam 18". Depois de ouvir estas palavras, lembrei-me também que se a minha avó não morresse, ainda hoje estava viva. Em segundo, quando diz: "O euro não vai fracassar, é uma ilusão o que se diz. O crescimento económico português não será afectado". Já no passado, quanto ao caso BES, o Sr. Presidente teve sábias palavras, principalmente quando disse: "Portugueses podem confiar no BES".


domingo, 28 de junho de 2015

Tragédia Grega


Ésquilo, o pai da tragédia grega





   Em outrora da história, foi Ésquilo quem inaugurou a tragédia grega. Hoje, com o programa de financiamento a terminar na próxima terça-feira, a pergunta urge: quem o fará desta vez? de quem é a (ir)responsabilidade política? Ultimato Europeu ou iniciativa grega? Há lugar para o diálogo? O país aguenta até dia 05 de Julho, dia do referendo? É uma decisão sensata ou dilatória? 
  O que define um grande político é a capacidade de predizer aquilo que vai acontecer amanhã, daí a uma semana, no mês e ano seguintes. E ter a capacidade, no fim, de explicar porque não aconteceu nada assim. Era bom que se antecipasse o que aí vem, evitando, o que cada vez se torna mais provável, à medida que as horas avançam: bancarrota grega. Pouco sabemos sobre o que passa ao pormenor em Bruxelas. Soube-se que o Syriza queria aplicar uma taxa de 12% sobre lucros das empresas acima de 1 milhão; reforma do IVA  (manter escalões, onde por exemplo, o mais baixo, cobre medicamentos); aumentar o IRC e aumentar a contribuição de solidariedade (só para quem tem rendimentos anuais acima 12 mil euros). O governo grego afirma no documento que apresentou em Bruxelas que a maior fonte de receitas será obtida através da reforma do IVA, e é aqui um dos pontos que gerou controvérsia. Bruxelas não aceitou, pedindo que aumentassem a taxa sobre a energia para 23% e aumentassem a taxa sobre os medicamentos, bem como impostos incidissem mais sobre as pessoas, e não sobre as empresas. Mas isso é como pedir a uma Testemunha de Jeová para fazer uma transfusão de sangue. Estamos a falar de um partido de esquerda radical, que tem uma ideologia, e obviamente não podemos estar à espera que as propostas fossem muito diferentes das apresentadas, bem que algumas até podiam ser mais radicais, e foram defendidas dentro do Syriza. Alguma surpresa? Não parece. Será que a Europa estava e está preparada para implementar novas políticas alternativas à política atual ? Também não parece. Mas chegar aqui, em termos políticos, seria uma inevitabilidade (alternativas políticas), mas não seria inevitável haver um consenso que evitasse mais uns tempos de turbulência na Europa.
 O referendo político, mesmo havendo um "sim" ou um "não", poderá não ser a melhor solução, e indicia que algo vai mal no seio do próprio parlamento grego, principalmente na bancada do Syriza, e aí poderá estar a origem desta iniciativa. A sua legitimidade não se questiona, mas lançar mão deste instrumento apenas neste momento (a 3 dias do programa de financiamento terminar) é pouco sensato. E qualquer um dos cenários é no mínimo "embaraçoso", Caso ganhe o "não", a Grécia poderá ter de sair mesmo do Euro, a não ser que tudo o que se passa em Bruxelas seja uma encenação, que não podemos acreditar. Se ganhar o "sim", vamos ter um Governo a negociar com Bruxelas propostas com as quais não concorda, o que é insustentável em termos políticos.


Professor Marcelo Rebelo de Sousa

 
Marcelo Rebelo de Sousa




   No programa alta definição (programa conduzido de forma excelente pelo Daniel Oliveira), o convidado desta semana foi o professor Marcelo Rebelo de Sousa, e que bom foi ouvi-lo professor.
   Destacou que é no "dar" que está a razão de existir, que na vida há coisas milhões de coisas pouco importantes que nos fazem perder tempo. Lembrou das pessoas que estão doentes, que estão nas fases críticas e terminais da suas vidas, da importância que é dar valor a estas pessoas. Como o percebo e concordo professor. A grande riqueza da vida é saber dar valor mesmo às coisas importantes e que nos fazem felizes, e não perder tempo com esses milhares de coisas menos importantes. Quantos de nós não perde tempo com essas coisas? Acho que todos já o fizemos e temos de aprender e a cada dia que passa saber dar valor ao que realmente merece o nosso valor e encarar de forma normal as coisas menos importantes, porque também aí está a capacidade de sermos inteligentes e conseguir utilizar a inteligência de uma forma sublime, educacional e com elevação.


domingo, 21 de junho de 2015

PS de (Cha)Co(s)ta

 






  Sem dúvida, este será um caso de estudo político. Como é que alguém que já chegou a ter a maioria absoluta em sondagens (ver :http://www.jn.pt/paginainicial/nacional/interior.aspx?content_id=4187336), pode agora estar a perder as eleições para a maioria PSD/CDS?
  António Costa tinha uma boa imagem junto da opinião pública e era apreciável a sua maneira de estar na política (porque tinha qualidades e um percurso interessante) , mas a partir do momento em que passou a ser líder do PS, a gestão da sua imagem e a forma de fazer política mudou e tornou-se muito fraca, tendo aniquilado em parte as possibilidades de ganhar eleições. Em primeiro, na escolha das pessoas. Rodeou-se da "velha guarda" , alguns nomes que já nem o coveiro se lembrava. Ir buscar algumas pessoas demonstrou que seria "mais um", igual a tantos outros, que bebia o sistema partidário como ninguém e a ambição era partidária e não nacional. António Costa tinha um posicionamento no PS como Rui Rio tem no PSD, mas perdeu esse crédito de alguma independência que as pessoas viam nele e a prova de que esse crédito existia está nas primeiras sondagens de 2014, onde davam a maioria absoluta ao PS, Em segundo, confrontado perante a opinião pública para tomar posição sobre diversas matérias, adiou sempre a resposta, contornando a mesma, demonstrando e passando a imagem de que não queria comprometer-se com "nada", o que passou a imagem de calculista político. Em terceiro, no que concerne a propostas e ideias (a parte que correu melhor mas veio tarde e não apaga os erros anteriores), aqui as coisas correram um bocado melhor, principalmente no momento da apresentação, onde há coisas que merecem elogio, mas, o problema veio posteriormente no esclarecimento de António Costa sobre os pontos do programa. Quando questionado, demonstrava sempre fraca argumentação e remetia para terceiros esclarecimentos. Em quarto e por fim, o discurso político (talvez ponto crucial). Tem um discurso pouco emotivo e que está longe das pessoas, onde revela dificuldade em ser ouvido e mostra pouca vontade e garra em mudar as coisas, porque o discurso está longe de ser nacional. Um discurso onde os portugueses não se revêem, com ziguezagues constantes, pouco credível (o que não acontecia antes de ser líder do PS) e confuso. Basta lembrar a posição relativamente ao caso da Grécia, onde inicialmente colocou-se do lado de Tsipras, e mais tarde, para se afastar desse radicalismo, tornou o seu discurso próprio radical, ao afirmar que afinal "Tsipras era um tonto".
   A política deve ser feita para as pessoas, e quando esta é feita mais a pensar no partido do que no país, o resultado é um cartão vermelho ao candidato, mesmo que este até tenha qualidades, porque tem de demonstrar naquele momento. Não vence quem ganha uma ou duas batalhas, mas sim quem ganha a guerra. E se António Costa entrou perto da maioria absoluta, em pouco tempo tudo mudou e já está em risco de perder as eleições, e mais grave ainda, ser alvo de chacota política por aqueles que esperaram por este momento: apoiantes de António José Seguro. 
    


sábado, 20 de junho de 2015

Impasse Grego




Yanis Varouf
akis e Alexis Tsipras



  Num país onde, após 2008, o ajustamento levou à queda de 37% nos salários; queda de 48% nas pensões; onde o número de funcionários públicos diminuiu 30%; o consumo caiu 33% e o défice 16%, por sua vez, disparou o desemprego para os 27%; o trabalho não declarado atingiu os 34%; a dívida pública ultrapassa 180% do PIB; a pobreza e a fome tiveram aumentos associados a estados de guerra e a capacidade produtiva deixou de existir. Perante isto, será que administrar o mesmo antibiótico ao doente é uma boa solução? Admitindo que é preciso tomar antibiótico, será que utilizar o mesmo do passado (sabendo que não resultou) é aceitável? Impressiona ver pouca gente discutir os efeitos do antibiótico aplicado anteriormente e a sua pouca ou quase nula eficácia. O debate centra-se em duas saídas: pagar ou não pagar, desviando-se do principal problema: futuro grego.


domingo, 14 de junho de 2015

CONFAP

  
Confederação Nacional das Associações de Pais





 A Confederação Nacional de Associação de Pais veio defender que os alunos deveriam apenas ter um mês de férias no Verão. Mas a ideia é repensar a escola para o bem dos alunos ou a ideia é ter onde deixar os filhos nas férias de Verão?
   A escola precisa ser pensado no seu todo, desde do tempo em que os alunos passam na sala de aula, passando pela forma de ensinar, até aos métodos de avaliação aos alunos e professores. Mas, para isso é preciso haver vontade e dinheiro. Primeiro, porque a escola pública está cada vez mais pobre, e, não vale a pena andar com "floriados" nesta questão, porque quando não há investimento, é difícil conseguir proporcionar boas condições aos alunos e melhorar seus desempenhos escolares. A ideia de haver apenas um mês de férias tem de ser "compensatória" para os alunos, porque serão sempre eles os beneficiados ou prejudicados, e acho que tem valer mesmo a pena, caso contrário, se for para ter onde os deixar, daqui a pouco será que vamos ter alguém a defender que no Natal seja apenas dia de férias o 24 e 25 de Dezembro? Tem de se acabar com a ideia de haver estas "decisões" que eram prática no passado, onde decide-se sem pensar nos destinatários, e sem ponderar se haverá aceitação dos seus destinatários: alunos. 
   Acho que, por exemplo, esta ideia seria interessante, se ao encurtar os três meses de férias para 1, os dois meses fossem para contacto com empresas (inclusivé atividades); visitas culturais ou de estudo; concursos (com convidados para estimularem desde cedo a criatividade como acontece nos E.U.A.); voluntariado; programas de integração com a comunidade e estruturas locais;  etc. Acho que a ideia deve ser sempre a pensar no aluno.
   A CONFAP tem ideia que quando fala num maior "aproveitamento dos alunos fora das paredes da sala de aula" tem noção que isso não acontece essencialmente por falta de dinheiro? Por exemplo, porque razão a escola pública não promove a prática de todos os desportos como acontece no privado (inclusivé pagando para irem representar escola internacionalmente, como no caso do surf acontece em certos colégios)? Porque razão não promove mais visitas e viagens aos alunos? Porque não oferece mais apoio escolar aos alunos? Porque razão não trata todos os alunos por igual? Porque razão não promove conferências nacionais e internacionais nas escolas? 
    Mas claro que o único problema não reside no dinheiro. Em segundo estão as pessoas e o modelo de gestão. Acho que devia-se alargar as escolas às empresas, e permitir que nos seus modelos de gestão estejam presentes empresas. Os atuais modelos de gestão estão esgotados e os resultados não são animadores. Lembro-me ter andando em escola pública, e nos anos que lá passei, se tentar olhar para grandes alterações sofridas na escola, não consigo lembrar, a não ser terem "pintado" 2 pavilhões e tudo se mantinha igual no resto. Mas isto também tem muito a ver com a visão e a estratégia definida para o ensino pela tutela, que nestes anos (e parece continuar) olha apenas para resultados nos finais dos semestres, o que é uma visão cada vez mais ultrapassada.




sábado, 6 de junho de 2015

Greve dos Enfermeiros

 





   Desta vez, senti a greve, porque bateu-me à porta. Já o disse, mas volto a dizer: se há área em que o Estado não pode prescindir da sua presença e garantir os direitos básicos a todos que precisam deles, essa área é a da saúde.
   Cheguei ao Hospital, dirigi-me à recepção, onde fui informado que teria consulta marcada para as 15 horas, mas seria por outro médico. Aguardei pela minha vez, e, quando chamaram o meu nome, dirigi-me à consulta, onde tinha três médicos a receber-me. Entrei, cumprimentei educadamente os médicos, e após esse cumprimento, ouvi do outro lado o seguinte: "Em primeiro, já deve saber que o médico não está, e só poderá agora vir daqui a duas semanas, porque foi ele que o operou e só ele pode decidir o que fazer quanto ao seu tratamento. Quanto ao curativo, como sabe há greve e não temos enfermeiros para lhe fazerem o curativo ". Respondi o seguinte: "Coloque-se na minha situação e na dos demais doentes que aqui estão, acha que vou esperar mais duas semanas, após ter sido operado, quando já estou há 15 dias imobilizado? ". Não tiveram resposta, e ficaram imobilizados mentalmente, dizendo apenas que nada podiam fazer e teria que voltar noutro dia ao Hospital (comportamento negligente). Saí da consulta, fui à recepção, onde aceitaram devolver o dinheiro se quisesse, porque eu não tive uma consulta e expliquei isso, as quais amavelmente (sem culpa nenhuma, coitadas) compreenderam e informaram também que o médico não viria mais em princípio, ou seja, as pessoas todas que ali estavam e tinham sido operadas por aquele médico e que iriam voltar daqui a duas semanas para a consulta, já não seria com o médico que as operou. Após sair do Hospital, como sabia onde o médico estava (e tinha como lá ir e com quem falar para ir lá), consegui ir ter a outro Hospital onde mesmo estava, e, consegui ser atendido, fazer o curativo e resolver o meu problema, mas a verdade é que os restantes doentes tiveram de ir para casa, e, alguns irão mesmo só daqui a 2 semanas ao Hospital (consequência do comportamento negligente anterior), podendo agravar o seu estado de saúde, porque quando estive com o médico, ele disse-me: "Sim, tínhamos mesmo hoje de fazer o curativo e começar o tratamento".
   Perante isto, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses já admitiu continuar a fazer mais greves enquanto não houver melhores condições de trabalho, principalmente valorização da carreira de enfermagem. Mas, e apesar de serem compreensíveis os argumentos, não haverá outras e melhores formas de conseguir reivindicar seus direitos sem atingir os doentes, que são sempre, directamente, os afectados? Esta "banalização" da greve não poderá ser ela própria perigosa e virar-se contra quem a promove, a longo prazo, se não houver um limite?
    Quanto aos serviços mínimos, que a lei obriga, algo falhou, e não foram cumpridos, porque naquele Hospital, não havia um enfermeiro ao serviço. Aqui, o Sindicato dos Enfermeiros vangloria-se e justifica-se no acordo de 20 anos que existe para prestação desses serviços mínimos. Mas, houve falhas e o Governo devia ter utilizado, com base na lei, a requisição civil, porque o cumprimento dos serviços mínimos é uma obrigação imposta por lei, e que quando não é cumprida, deve o Governo lançar mão da requisição civil.
   A greve, até agora não conseguiu alterações nas condições de trabalho dos enfermeiros (que era a finalidade) mas conseguiu degradar as condições de saúde de muitos doentes.


terça-feira, 2 de junho de 2015

Avaliação dos Professores









   Desta vez, foi Bill Gates a defender uma ideia cada vez com mais adeptos, a qual partilho , de que a melhor forma de avaliar os professores não é através de um mero resultado, de um "passou" ou "reprovou", de um "fraco" ou "muito bom", mas sim dar-lhes uma avaliação que permita melhorar a sua prática docente e que isso tenha efeitos na sua relação com o aluno. Quantos os professores que passam nas ditas provas de avaliação e posteriormente não conseguem ter uma boa prática docente? Não conseguem ter impacto positivo junto dos alunos? Não conseguem ter uma metodologia de sucesso? Não conseguem melhorar o seu ensino ou mais grave ainda, não conseguem perceber que precisam de melhorar a sua prática docente?
   No vídeo, vemos que umas das professoras utiliza um vídeo na aula (uma das ferramentas usadas para o melhoramento da sua prática docente) e explica como isso a ajuda nas suas próprias reflexões de ensino, nas notas que toma, e o mais importante de tudo: no seu crescimento pessoal enquanto professora. 
   Este é o caminho, capacitar os professores com ferramentas úteis para estes melhorarem a sua prática docente, e encontrar formas de avaliação entre os alunos (que avaliam os professores) e os professores (que avaliam os alunos), porque os resultados são espelho das boas práticas.