Assinatura de Acordo de Esquerda: PCP e PS |
Foi esta semana empossado um novo Governo, que, na verdade, é uma espécie de resgate de esquerda, onde existe o apoio do Bloco de Esquerda e PCP ao PS, mas não integram o Governo. Acho que, na solução encontrada pela esquerda, tanto o Bloco, como PCP, deveriam integrar o Governo, de forma a permitir uma maior estabilidade governativa. Uma coisa é dar apoio e não lá estar, outra coisa é dar apoio e lá estar. Foram arrojados no apoio, mas ficaram pelo aperto de mão. Um cenário novo este do Governo de Esquerda, mas espectável nos últimos tempos, onde até o anterior Governo já sabia e esperava tal cenário, visto a fraca constituição de Governo, sabendo que seria de pouca duração, como aconteceu e pelos nomes nomeados. Convém frisar que alguns dos bons elementos que Passos Coelho teve nos quatro anos já não faziam parte, como por exemplo, Paulo Macedo (embora fosse necessário mais tempo porque o país precisa de um novo sistema nacional de saúde). Este novo Governo de Esquerda tem nomes que prometem, como por exemplo na pasta da Justiça e Saúde, mas por outro lado, tem crónicos do partido como Augusto Santos Silva, Capoulas Santos ou o já clássico João Soares. Deixem-me dizer que esta nomeação de João Soares para o Ministério da Cultura é de mestre e revela muito sobre a forma como António Costa está preso e completamente atado ao aparelho partidário, visto que João Soares (fervoroso apoiante de Seguro) criticou duramente António Costa, dizendo cobras e lagartos sobre sua pessoa, e agora, subtilmente é convidado para alto cargo (pode agradecer ao pai, que sempre foi um leal apoiante de Costa, e fez este pedido especial). Nisto António Costa deixa claro que dificilmente as reformas urgentes se necessárias para a sociedade serão implementadas, e mais uma vez, a reforma do Estado poderá ter de ser adiada, visto que tem uma ligação ao aparelho muito forte, que o impedirá, por exemplo, de acabar com várias instituições, empresas ou fundações do Estado, que anualmente custam milhões aos cofres dos portugueses e há anos que são feitas promessas, mas ninguém tem coragem para as implementar. Há vários nomes ligados a José Sócrates, e, mesmo que agora opte por não falar, António Costa jamais pode negar que sempre esteve na linha da frente de Sócrates e a sua família política é essa, como se pode ver pela constituição deste novo Governo. Há um nome que estou curioso para ver o seu trabalho, que é o professor Azeredo Lopes. É um bom nome. Foi meu professor na Universidade Católica Portuguesa de direito internacional público. Foi determinante na eleição de Rui Moreira para a Câmara do Porto, e, foi presidente da ERC no governo de Sócrates. Embora seja rotulado por muitos como independente, é claramente uma pessoa de esquerda, com ideias de esquerda e mais virado para a esquerda propriamente dita do que para o centro esquerda, embora seja conotado como um equilibrado de esquerda, o que é perfeitamente aceitável, embora entenda de outra forma. Mas mais que os nomes, o importante é a prática, são as medidas, e nesse ponto, espera-se que haja transparência e não voltemos à demagogia de repôr salários a todos, repôr as pensões, por um lado, e por outro, para isso ser possível, ter de cortar na classe média, que parece que pode acontecer. Foi já tornado público, na área da Educação, o fim dos exames do 4.º ano. Isto é que deveríamos evitar. Esta instabilidade provocada por mudanças sucessivas de governos não pode continuar, sob pena de não conseguirmos evoluir nas áreas, porque introduzir, e agora, acabar com os exames num determinado ano lectivo, não pode nem deve ser uma medida tomada de ânimo leve, porque afeta os alunos e afeta todo um sistema educativo. Aqui precisávamos de acordos parlamentares duradouros, que impedissem que um Governo chegasse e pudesse alterar tudo da forma como altera.