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segunda-feira, 30 de março de 2020
Covid-19 - 30.03
Ontem, a D.G.S decidiu explicar que o miúdo de 14 anos que morreu em Ovar poderia não estar relacionado com o coronavírus, mesmo tendo dado positivo. E durante 1 hora e 30 minutos tentaram defender isso. Mas qual a finalidade de discussão de um caso isolado como inconclusivo para a opinião pública? E mais grave, qual a necessidade de defender hipóteses médicas de causas derivadas de outras doenças já preexistentes? Talvez até a mensagem mais forte seria que a morte fosse de coronavírus, ou mesmo não sendo, que todos os indícios revelam isso, porque é a verdade. Graças ao comunicado de ontem (a tentar negar a morte por coronavírus do miúdo de Ovar, estando esta a ser investigada), hoje são vários os cidadãos com psoríase que temem pela vida e ficaram alarmados, depois das declarações de ontem da D.G.S.
sexta-feira, 27 de março de 2020
Covid-19 - Bafejo holandês
Wopke Hoekstra - Ministro das Finanças da Holanda |
Países baixos ou Holanda? Vá, decidam-se porque já ninguém tem paciência para essa indecisão voluntária e fastidiosa. Seja como for, não apagará o país da droga. O recente bafejo do ministro das finanças holandês sobre Espanha - pedindo uma investigação de apuramento da incapacidade orçamental espanhola para enfrentar o coronavírus - é a prova de que a velha teia de aranha europeia nunca desapareceu, está bem viva. Há um adágio popular que é uma verdade imperativa: "Deus fez o mundo e o holandês a Holanda".
terça-feira, 24 de março de 2020
Covid-19 - 24.03
Nas estimativas da Universidade Católica, a economia portuguesa pode recuar 10% a 20%, quando era previsto um excedente orçamental de 0,2% para 2020. Um bom trabalho que foi feito e que estava a ser desenvolvido por Portugal e que merece esse elogio. No pior cenário da anterior crise económica, não passou dos 4%. Países como Portugal têm obrigatoriamente ter ajuda europeia imediata, sob pena de a economia entrar em declínio automático e sem motores. Mas, os sinais europeus são equivalentes a um ponteiro parado ou avariado, que toda a gente pergunta as horas e não existe resposta, porque ele parou no tempo. Nem o facto de termos conhecimento do recente incidente diplomático entre a República Checa e a Itália - onde foram desviadas 700 mil máscaras que iam para Itália pela República Checa - faz levar o relógio a um relojoeiro para o colocar a funcionar de vez.
Covid-19 - Espanha
Pandemia 1918 - Vírus H1N1 |
Quando falas com pessoal que está em Espanha e percebes à distância a dimensão do problema, é inevitável o contágio aos restantes países, nomeadamente do sul da Europa. Há relatos de profissionais desesperados a apelarem e suplicarem por equipamentos de protecção individual, quando já são 5.400 os profissionais infectados. E o problema é de tal forma dimensionado que já não conseguem dar resposta, por exemplo, a coisas tão básicas como a falta de empregadas de limpeza para recolher o material infectado que se avoluma pelos hospitais. É impossível não lembrar a gripe espanhola de 1918, que matou milhões de pessoas em todo o mundo, com início a Março de 1918 até Agosto de 1999.
segunda-feira, 23 de março de 2020
Covid-19 - 22.03
Bem, começa a ser martirizante ouvir a Direcção-Geral de Saúde sobre o (não) uso das máscaras. O apelo está repleto de uma sensação de descontracção, de desresponsabilização, de serenidade, de normalidade, de crença em palavras platónicas. As marginais estiveram cheias este fim-de-semana. Mas tudo seria melhor se estivessem sem máscaras e sem qualquer tipo de protecção individual. É um pouco inquietante perceber que a D.G.S gaste todas as suas energias a tentar que a população não use as máscaras (erradamente), ao contrário do que acontece em todos os outros países, e não tente alocar uma épica percentagem dessa energia gasta para conseguir efectuar testes a todas as pessoas com sintomas e fiscalizar sanitariamente todo o território nacional.
sábado, 21 de março de 2020
Covid-19 - Agradecimento
Não podemos desesperar perante o desafio que temos hoje. Não é um desafio fácil de resolver, nem vai ser resolvido rapidamente, mas vamos superar. Antigamente, a história ensinava o valor da liberdade, escrevia o nome de todos aqueles que lutaram pela liberdade expressão e imprensa, liberdade de deslocação, liberdade de informação, liberdade de escolha de profissão, liberdade de consciência, liberdade de aprender e ensinar, de poder estudar e ser alguém na vida, tendo origens humildes. Na década de 60 e 70 davam aulas sobre a liberdade, em tempos de ditadura, presos políticos e exilados. As pessoas eram perseguidas e a imprensa era vítima de censura. Havia desigualdade social, que limitava acesso à saúde e educação a todos aqueles que disponham de meios económicos reduzidos. O direito de emigração passou a ser quase um dever para muitos que tiverem atravessar as nossas fronteiras para lutar por uma vida melhor, acima de tudo uma vida digna para si e suas famílias, que aqui não tinham nem podiam ter. O 25 de Abril foi a prova de que com luta, determinação e empenho todos conseguimos. Nunca demos tanto valor a ir tomar café à beira mar ou a ir a um restaurante com a namorada. Estamos no meio de uma crise contra um inimigo invisível, que ameaça destruir cada um de nós a cada dia que passa. Mas acreditamos e lembramos com gratidão e humildade aqueles bravos homens e mulheres que estão a lutar nos hospitais e estabelecimentos de saúde contra esta pandemia, que arriscam suas vidas por nós, com a consciência que não poderão todos ser salvos. São os guardiões dos nossos direitos fundamentais e a eles devemos a reposição da nossa liberdade, se conseguirmos proteger a nossa vida. Respeito, muito respeito pelo vosso trabalho. Força e coragem. Obrigado.
Vamos vencer. Deus vos abençoe e abençoe Portugal.sexta-feira, 20 de março de 2020
Covid-19 - 21.03
A Direcção-Geral de Saúde deixou de ter credibilidade nas suas declarações públicas. Depois de várias declarações inicialmente a desvalorizar o vírus, agora pedem às pessoas para não usarem máscaras ou luvas, porque não sabem usar e só seria útil se todos usassem e como não temos essa cultura não resulta. Outro argumento foi que não haveria máscara e luvas para todos. Bem, todos os países, excepto Portugal, devem ser uma cambada de malucos e obstinados, porque usam máscara e luvas. Vejam lá que alguns deles conseguiram evitar a propagação do vírus porque obrigaram a população toda a usar máscara e luvas. Por exemplo, em Macau isso foi uma das principais razões do sucesso invocado para evitar a propagação do vírus. Se a Direcção-Geral de Saúde não quer que os portugueses adquirem máscaras ou luvas para evitar que não falte aos profissionais de saúde, deve assumir essa posição e isso é uma questão diferente. Se há pessoas que não sabem usar as máscaras ou as luvas, talvez alguém devesse ensinar essas pessoas (principalmente mais idosos) a usar, ao invés de insultar culturalmente o povo. E são várias as pessoas que correm atrás destes pensamentos que merece um exercício de senso comum. Eu não sou médico. Mas faço um exercício de senso comum: se antes de sair de casa, lavar e desinfectar as mãos; colocar as luvas e a máscara e dirigir-me a um supermercado, eu não estarei mais protegido que a dona Augusta que está sem máscara e sem luvas (no pressuposto que chego a casa e a primeira coisa a fazer é tirar as luvas correctamente e isolar num local próprio, sem nunca ter contacto com a cara e desinfectar as mãos)? Negar a sua eficácia é um autêntico disparate. Outra coisa é negar o uso incorrecto, mas não foi isso que a DGS fez, e deveria ter feito. A DGS desaconselhou o seu uso por as pessoas não saberem usar. Eu uso luvas e máscara quando vou ao supermercado e irei usar. E não sendo médico (embora vivendo com uma namorada da área) aconselho todos a usarem, porque não sabemos quem está ou não infectado.
Covid-19 - 20.03
É um momento excepcional, que exige medidas excepcionais. Não esqueço a reunião que tive numa empresa têxtil há pouco menos de duas semanas, em que a preocupação em torno da escalada da pandemia era mais que uma preocupação vulgar, era uma questão de sobrevivência. O rosto do gerente (que estava no terreno), a par dos rostos de empregadas têxteis com famílias e filhos para criar demonstravam que sem um apoio financeiro a curto prazo a possibilidade de fechar as portas é uma realidade. Não chega as linhas de crédito, o dinheiro tem chegar a estas empresas micro, pequenas e médias empresas e de forma ágil, ultrapassando burocracias e apoiando e fiscalizando. E impedir que os bancos façam fortunas à custa desta situação, aproveitando a situação frágil das empresas e das pessoas. Caso contrário, quando chegar, pode ser tarde.
O comércio parece ter sido esquecido, não existiram medidas. Duvido, por exemplo, que uma cabeleireira que vive do seu ganha pão, e tenha sido forçada legalmente a fechar o seu estabelecimento, aguente muito tempo sem qualquer tipo de apoio.
As pessoas não foram protegidas e isto poderá ter graves consequências e será uma questão a ser revertida a curto prazo, sob pena de estarmos abrir uma fissura em plena crise sanitária. Há países a suspender as prestações ao banco, tendo um impacto imediato na vida as pessoas. É pouco aceitável que Portugal não tome medidas a esse nível. A desprotecção das pessoas em detrimento de um lobismo bancário tradicional não será perdoada pelas pessoas.
O comércio parece ter sido esquecido, não existiram medidas. Duvido, por exemplo, que uma cabeleireira que vive do seu ganha pão, e tenha sido forçada legalmente a fechar o seu estabelecimento, aguente muito tempo sem qualquer tipo de apoio.
As pessoas não foram protegidas e isto poderá ter graves consequências e será uma questão a ser revertida a curto prazo, sob pena de estarmos abrir uma fissura em plena crise sanitária. Há países a suspender as prestações ao banco, tendo um impacto imediato na vida as pessoas. É pouco aceitável que Portugal não tome medidas a esse nível. A desprotecção das pessoas em detrimento de um lobismo bancário tradicional não será perdoada pelas pessoas.
quinta-feira, 19 de março de 2020
Covid-19 - 18.03
O Presidente da República tomou a decisão de declarar o estado de emergência, nos termos da Constituição da República Portuguesa. Foi uma boa decisão, que até podia ter sido antecipada. É uma caso nítido de calamidade pública, daí ser um estado de excepção e haver necessidade desta declaração, que dá margem de manobra ao governo. Foi um bom discurso de Marcelo em Belém e de António Costa na Assembleia da República. Mas continua a ser perplexo vislumbrar nos aeroportos as autênticas portas-abertas a todo e qualquer tipo de cidadão sem controlo, esteja ou não infectado, a par do incumprimento de diversas entidades no que respeita ao cumprimento de regras de protecção individual dos seus trabalhadores.
quarta-feira, 18 de março de 2020
Covid-19 - 17.03
Numa ida ao Continente para adquirir bens de primeira necessidade, reparei que há muita falta de informação e que há pessoas realmente conscientes da importância do flagelo e outras ainda inconscientes da capacidade destruidora do vírus. Mas o que impressionou foi perceber que ali estavam trabalhadores esquecidos pela sua entidade patronal, desprotegidos, abandonados à sua sorte, servindo apenas para a contabilização de números ao final do dia. Vi funcionários que colocavam fitas no chão por onde milhares de pessoas passam sem qualquer tipo de protecção: sem luvas, e, operadoras de caixa em situação similar, sendo uma fonte de propagação e disseminação do vírus. Se, por um lado temos portugueses de uma excepcionalidade ímpar, a cumprirem as recomendações impostas a nível nacional, por outro, temos empresas que só irão cumprir tais recomendações à força, com imposições legais.
terça-feira, 17 de março de 2020
Fake News
Eleição de Donalld Trump à presidência dos E.U.A. |
As fake news (informação distorcida, não filtrada) são cada vez mais um perigo para o jornalismo e para a ciência. O fenómeno ressuscitou recentemente com a eleição de Trump para a presidência dos E.U.A e com o Brexit, em que foram disseminadas notícias falsas, com intuito de influenciar os resultados finais. Embora, por exemplo, já em 2003 a invasão do Iraque tivesse encontrado a sua justificação numa fake news: terem armas de destruição maciça. Existem poucas dúvidas que Hilary Clinton foi a real vencedora das eleições americanas, e os E.U.A perderam a oportunidade de ter uma brilhante mulher à frente do país. As redes sociais são os locais ideais para criar e difundir opiniões, porque não existe diálogo, e tais ideias são difundidas, sem apurar a verdade.
Neste era da pós-verdade, onde uma opinião vale mais que um facto, há uma despreocupação com a verdade, com a informação que é recebida e compartilhada. A recente fake news é sobre o facto de o Ibuprofeno agaravar a infecção da covid-19. Não podemos deixar que uma fake news valha mais que uma opinião científica. Temos de combater este flagelo da manipulação das notícias falsas. Isto é um perigo para a ciência e para a humanidade. Basta lembrar quando Trump afirmou que até as vacinas são um mal para o mundo, quando está comprovado cientificamente que erradicaram no passado doenças que mataram milhares de pessoas. O Estado deve agir e aplicar multas fortes a empresas que difundam notícias falsas, como acontece já em alguns países. Há empresas que vivem das fake news e ganham milhões à custa da difusão destas notícias, aproveitando a desinformação e instrumentalizando o cidadão sem informação.
A regulação privada deve ser uma das soluções, obrigando os agentes privados, como por exemplo o facebook, a fazer chegar aos cidadãos informação verídica, impedindo a disseminação arbitrária e anárquica de qualquer tipo de notícia. Mas, a literacia digital pode ser outras das soluções, em que os cidadãos seja dotados de instrumentos que lhe permitam distinguir o que é verdade daquilo que é mentira.
Parabéns ao Bernardo Ferrão da Sic, pelo excelente trabalho desenvolvido no programa Polígrafo, que devia ser um exemplo a seguir pelos restantes órgãos de comunicação social. A luta e o combate às fake news passa por iniciativas destas onde seja apurada a verdade, e um facto valha mais que uma opinião.
domingo, 15 de março de 2020
Covid-19 ao segundo
Num momento sensível e complicado, as declarações de António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa não foram felizes nem foram as necessárias para o país. António Costa referiu que não devemos gastar todas as munições imediatamente, com receio de "cansar" a população. O sul da Europa está um desastre e a nossa vizinha Espanha está à beira do colapso em determinados hospitais. Como qualificar tal declaração? Felizmente, ainda não temos vítimas mortais, mas isso não deve ser um indicador para atrasar uma devida e urgente prevenção. E isso passa obrigatoriamente pelo fecho de fronteiras e por declarar o estado de emergência, sendo esta última uma competência do Presidente da República expressa na Constituição da República. Marcelo esteve mal ao convocar o conselho de estado, atrasando uma decisão inadiável e que pode ter efeitos graves e nefastos. António Costa e Marcelo não tomaram decisões, num momento em que essas decisões são fundamentais para evitar o colapso do país.
Não podemos aceitar que seja exigido a um país inteiro que fique em casa, quando do outro lado vemos, por exemplo, um aeroporto de Lisboa com aglomerado de pessoas e um aeroporto do Porto onde qualquer um entra sem qualquer controlo. Ao mesmo tempo que fecham escolas e determinados serviços e outros continuam de portas abertas sem qualquer razão aparente. Há milhares de pessoas infectadas que não sabem que estão, que continuam achar que uma tosse significa pouco ou que, mesmo existindo, esta não é seca ou não é acumulável com a febre, logo não é Covid-19. O Covid-19 espalha-se ao segundo e não há tempo para adiar decisões à hora, quanto mais ao dia, que terá efeitos imprevisíveis a nível negativo. Os portugueses fechados em casa a lutar pelo país e a lutar contra este vírus não compreendem tal adiamento nem o podem aceitar.
Os indicadores revelam o pior, mas esperemos o melhor.
Os indicadores revelam o pior, mas esperemos o melhor.
quarta-feira, 11 de março de 2020
Coronavírus
Quando vais a um centro de saúde visitar a tua estimada médica de família, e ao entrares no estabelecimento de saúde, reparas que na fila para consultas e marcação está um aglomerado de pessoas, e no meio, vislumbras um homem a tossir sem parar, e está tudo bem. Alguém o avisa que pode ser coronavírus, ao que responde: "é só tosse". Tudo ficava mais descansado, caso não fosse um dos alertas da doença, que exigia não uma visita ao centro de saúde, mas sim um contacto para a linha médica disponível (808 24 24 24). Portugal tem pessoas fantásticas e deslumbrantes, mas também tem pessoas com pequenas e alternadas fendas intelectuais na consciência dos seus deveres cívicos.
Harvey Weinstein
Uma sentença inesperada, ao alcance de sistema como o norte-americano. O mínimo era 5 anos, que foi a estratégia e objectivo da defesa, mas foi fixada nos 23 anos. Este caso é um exemplo da força dos movimentos, aqui do movimento "me too" (luta contra assédio e agressão sexual). Um dos testemunhos que impressionou foi de Gwyneth Paltrow, ao adjectivar Harvey como monstro, pormenorizando momentos temporais sem consentimento. A força dos movimentos e o poder das redes sociais na transmissão das mensagens é um poder real da nova forma de viver em sociedade, com o aspecto positivo de chegar a um número elevado de pessoas, mas um dos aspectos negativos pode ser a contaminação da informação para influenciar resultados ou decisões, ou a instrumentalização dessa informação para atingir um fim contrário ao que deve ser o correcto. Este movimento foi decisivo, porque possibilitou que mais pessoas relatassem os casos de abuso sexual sofridos por várias mulheres e "auxiliassem" a decisão final. Mas, se para a opinião pública estes casos são de simples decisão (o acusado é sempre culpado) para quem defende ou decide tais casos, na maioria, há uma complexidade à volta do consentimento, em Portugal em torno do "acto sexual de relevo", que nem sempre permite chegar perto da verdade. E, mesmo havendo decisão, não significa que tenha sido descoberta a verdade. O abuso sexual é um vírus, sobretudo alimentado por razões financeiras e estabilidade ao nível de emprego, que impede a vítima de o denunciar. E movimentos como este, se forem bem utilizados, podem ser uma ajuda para todas as vítimas de abuso sexual.
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