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quarta-feira, 11 de março de 2020

Harvey Weinstein



Uma sentença inesperada, ao alcance de sistema como o norte-americano. O mínimo era 5 anos, que foi a estratégia e objectivo da defesa, mas foi fixada nos 23 anos. Este caso é um exemplo da força dos movimentos, aqui do movimento "me too" (luta contra assédio e agressão sexual). Um dos testemunhos que impressionou foi de Gwyneth Paltrow, ao adjectivar Harvey como monstro, pormenorizando momentos temporais sem consentimento. A força dos movimentos e o poder das redes sociais na transmissão das mensagens é um poder real da nova forma de viver em sociedade, com o aspecto positivo de chegar a um número elevado de pessoas, mas um dos aspectos negativos pode ser a contaminação da informação para influenciar resultados ou decisões, ou a instrumentalização dessa informação para atingir um fim contrário ao que deve ser o correcto. Este movimento foi decisivo, porque possibilitou que mais pessoas relatassem os casos de abuso sexual sofridos por várias mulheres e "auxiliassem" a decisão final. Mas, se para a opinião pública estes casos são de simples decisão (o acusado é sempre culpado) para quem defende ou decide tais casos, na maioria, há uma complexidade à volta do consentimento, em Portugal em torno do "acto sexual de relevo", que nem sempre permite chegar perto da verdade. E, mesmo havendo decisão, não significa que tenha sido descoberta a verdade. O abuso sexual é um vírus, sobretudo alimentado por razões financeiras e estabilidade ao nível de emprego, que impede a vítima de o denunciar. E movimentos como este, se forem bem utilizados, podem ser uma ajuda para todas as vítimas de abuso sexual.