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sábado, 15 de novembro de 2014

Papa Francisco

 


Papa Francisco





  Quando estive em Cabo Verde, a gerir um projecto de crianças e adolescentes de rua, uma das coisas que mais me marcou foi o padre local, que era uma pessoa de uma generosidade inqualificável e que era decisivo na sobrevivência da maioria das crianças de rua. Todos os dias se contavam história de ajuda do padre, fosse ajudar as crianças a comer, fosse ajudar as crianças a dormir (colocando cobertores no átrio da igreja), fosse ajudar as crianças na saúde (muitos estavam envolvidos na droga), fosse a pagar viagens para irem de volta para as suas ilhas ou para juntos dos pais (os que tinham). 
   Ao ver o Papa Francisco, lembro-me do padre de Espargos, em Cabo Verde, da forma como utilizava os meios que tinham à sua disposição para ajudar aqueles que mais precisam (é aí que estão os valores da religião), e a forma como aqueles que ajudava gostavam dele. E o "gostar" mostra que hà ligação, mostra que hà amor e paixão, mostra que há preocupação e inquietação, porque não chega "dar" dinheiro para se ficar bem perante a comunidade ou ajudar por ajudar, é preciso ir ao encontro, preciso estar junto, e aqui está a diferença e mostra que a cada dia que passa aumenta a esperança de que temos uma luz no Vaticano.
   Quando identificamos, em Espargos, os locais onde as crianças de rua estavam, identificamos o principal: átrio da igreja. Um dia, perguntei a uma criança: "Porque dormes aqui?". Ele respondeu: "Porque aqui sinto-me bem, sinto-me protegido". É esta protecção maravilhosa sentida por essas crianças que não se explica, sente-se por uma união de amor que se criou entre a figura do padre e essas crianças que vejo agora entre o Papa e aqueles que ajuda, sendo ultimamente os sem-abrigo, os contemplados, ao mandar criar duches na praça de São Pedro para os sem-abrigo, por não terem um lugar para fazer a sua higiene.