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quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Sem-abrigo - Um amigo que apenas me dizia "O meu objectivo é ainda estar vivo para poder ir passar o Natal com a minha tia"

Num dia destes, tive a oportunidade de encontrar uma pessoa que andava pelas ruas sobrevivendo, sem condições nenhumas e triste por não conseguir largar um vício que lhe destruiu toda uma vida onde poderia ter sido feliz, pois neste momento ele praticamente já não tem família, a não ser uma tia que deseja vê-lo neste Natal. Mas maior parte de vocês já têm conhecimento destas situações, destas pessoas que vivem desalojadas pelas ruas, em constante perigo de vida, mas eu aqui fiquei feliz por ter contribuído e informado nosso amigo sobre possibilidades de tratamento e possibilidade de ainda ir a tempo de começar uma nova vida. E acabou por ser uma conversa interessante de 1 hora onde este nosso amigo emocionado dizia:" O maior medo da minha tia é que eu um dia destes apareça morto aí pelas ruas e não chegue a ir visitá-la no Natal". O nosso amigo Raúl estava metido no mundo da droga e ele dizia-nos que precisava de arranjar dinheiro para a droga, pois senão conseguisse arranjar os "patrões" não lhe perdoavam, dizendo que sabe onde tudo se passa, mas que irá morrer com o drama de uma vida triste e cada dia pior. No momento em que eu e mais um colega estavamos falando com este nosso amigo sem-abrigo a polícia estava por perto. Mas nosso amigo Raúl acaba por ser diferente de maior parte dos outros seus colegas de rua na mentalidade, pois afirmou que já salvou muita gente de furtos e roubos por parte de colegas que tentavam apoderar-se oportunamente da boa vontade das pessoas, pois afirmava que o objectivo é recuperar-se um dia e ir para a beira da tia se não morrer antes claro, e não pedia dinheiro nem ameaçava como é típico hoje em dia na noite no porto, apenas referia que consumia mas queria recuperar-se e começar uma nova vida, "Tenho que me alimentar, pois a minha Tia não me pode ver assim" afirmava Raúl, sendo que sua Tia era a única pessoa que lhe restava de uma família pobre e reduzida onde apenas existe uma Tia.
Este é apenas um dos muitos casos de pessoas que sobrevivem nas ruas do porto(neste caso), mas aqui o interesse é alertar para o tratamento destas pessoas, pois existem bons centros para tratar estas pessoas, será preciso é uma política mais próxima destas pessoas de rua, mas neste caso terá de ser por iniciativa das Câmaras Municipais. O problema é que esta gente continua a ser utilizada como "estafeta" no mundo da droga, sem oportunidades de viver uma vida mais justa e feliz.