Antes de mais nada boa noite!
Queria pedir-vos licença e, começar este artigo, com um inelutável agradecimento especial ao meu querido amigo e estimado tio Jorge, que gostava de estar aqui entre nós, mas partiu este ano em Março, uma grande figura humana, um homem de grande coração, de quem guardo e nutro eterna memória e é com prazer e orgulho de quem conviveu e partilhou com ele momentos fantásticos e reteve seus ensinamentos que expresso aqui esta simples referência de um fantástico ser humano, que, deixo citado: encontrar-nos-emos um dia em qualquer parte já que não vai ser aqui.
Sem mais delongas, foi um ano de princípio de mudança, de ruptura, de indefinição, de quebra de hábitos, de dificuldades, de indecisões, de especulação, de medo, de coragem, de indignação, de revolta popular, de desconfiança, de injustiças, de protestos, de transparente realidade.
Não há outro acontecimento, seria uma injustiça referir ou enumerar outro acontecimento que não seja a Primavera Árabe, a revolta arábe e a queda dos famigerados ditadores. Ben Ali na Tunísia deu início ao fim de regimes que sacrificavam os seus povos, por vontade popular, tendo sido forçado a fugir do país. Exercia a designada "liderança cobarde" desde 1987, sem piedade pelos seus destinatários. Seguiu-se Mubarak no Egipto, o ditador acusado da morte de 800 manifestantes na repressão contra a mobilização popular, renunciou ao cargo a 11 de Fevereiro e que, não deve ser poupado em tribunal e pena máxima é o mínimo de justiça. O comboio arábe anuncia a próxima estação: Líbia, e aqui Muammar Kadafi decide, de forma infortuna, lutar como um mártir, vitimado com uma bala na cabeça durante fogo cruzado, um regime acusado de diversos crimes contra a humanidade, e um líder, ontem amado e hoje fuzilado. Interessante e de registar as reacções dos líderes europeus e mundiais à morte de Kadafi, que meses e poucos anos antes, tinha sido recebido em diversos desses países com honras de Estado e, recebido nas cimeiras como um verdadeiro líder e amigo. Mas, as relações entre os Estados regem-se pelo poder e, a Líbia é um país com poder (petróleo), e, era útil ter relações diplomáticas com a líbia, mesmo tendo conhecimento que o seu líder fuzilava opositores ao seu regime interno, oprimia e capturava os rebeldes, escravizava o seu povo e injuriava a humanidade.
Iêmen, Sudão, Síria, Argélia, Arábia Saudita, Barein, Kuwait, Jordânia, Iraque foram estações obrigatórias da revolta árabe e, pautaram-se essencialmente por protestos, grandes manifestações dos seus povos, o acordar do saudoso "povo", tendo efeitos decisivos, como possíveis não reeleições dos seus líderes anunciadas. É pena que, tenha que haver uma revolta para os líderes perceberem que o "seus cargos são de custódia temporária", como um dia afirmou-o Ronald Reagen. Hà uns tempos, tomava conhecimento que, no Barein, o rei, em detrimento dos protestos tomou imediatamente a medida de soltar presos políticos e inocentes. Mostrou a sua fraqueza e sua cobardia, demonstrando que mantinha pessoas detidas por questões pessoais ou de seu gosto, e não por razões que justificassem a sua detenção. O poder de sucessivos anos protege a corrupção, o tráfico e o poder económico.
Estas revoltas demonstraram, mais uma vez, que, o povo é quem faz a guerra e, que, a história é decidida pela vontade popular, por aqueles que constituem as nações, por os oprimidos, pelos detidos ilegalmente, pelos cidadãos, pela designada classe intermédia, à qual se junta a classe baixa e nichos de classe alta, sempre mais tarde. Chegou o momento em que alguém disse "basta" e, não quiseram continuar a trabalhar para manutenção de luxos do seus líderes, que era a realidade pura e dura. Basta pensarmos nas voluptuosas casas em ouro do Sr. Kadafi, que, seria justo tendo sido conseguido através do seu trabalho, mas foi pelo contrário, através do trabalho do seu povo, e com agravante, de oprimindo-o e chegando a matar pessoas para conseguir seus objectivos.
Continuando no meu busílis, surge a Europa de Robert Schuman, que navega sem rumo e sem comandante, com os tripulantes a garantir a sua subsistência. Impressionante a forma como os líderes europeus deixaram afundar a Europa, e agora a pergunta é: o que vai acontecer ao euro, para já, sem o Reino Unido ? É inadmissível e decepcionante assistir à falta de decisões políticas de uma Alemanha e uma França, que nos habituaram agir, e, hoje, apenas sabem reflectir.
Uma Europa que deixou ser comandada pelo FMI, que esperou que os outros fizessem o seu trabalho e, que, quando tinha que ajudar países como a Grécia e Portugal, e agora a Espanha e Itália, não o fez. Uma Europa que deixou que atacassem os seus países, que contribuiu para esse ataque na sua omissão de comportamentos e, quando chegavam declarações públicas de Bruxelas ou de membros do Governo da Alemanha ou França, mais pareciam, fazendo uma analogia, declarações de um aluno que está a prestar provas orais e que luta apenas para o 10, correndo o risco de tirar negativa e não passar. Nunca vi uma voz, como vi em outrora na história, de alguém de Bruxelas afirmar veemente: " A Grécia e Portugal não vão cair, eles são nossos, somos uma união, e não vamos deixar que nada nem ninguém lhes faça mal"(repetidas vezes). O que vimos foi declarações desastrosas de fracos líderes que, podem, com os seus negativos comportamentos, ter decidido o fim da Europa de Schumann.
Em 1946, na Universidade de Zurique, Winston Churchill, disse o que pensava, num discurso à juventude académica sobre a Europa que passo a citar: Existe um remédio que (...), em poucos anos, poderia tornar toda a Europa (...) livre e (...) feliz. Trata-se de reconstituir a família europeia ou, pelo menos, a parte que nos for possível reconstituir e assegurar-lhe uma estrutura que lhe permita viver em paz, segurança e liberdade. Devemos criar uma espécie de Estados Unidos da Europa.” Acho que deveríamos reflectir sobre este pensamento e, perceber se precisamos de uma união, repetida, Franco-Alemã, ou uma espécie de Estados Unidos da Europa.
Eu fico incrédulo e impassivo quando penso nesta Europa, principalmente nos seus líderes, porque acho que existe solução, e alguém está a destruí-la.
Portugal, o nosso país, um país de lutadores, disse Adeus a José Sócrates, e elegeu Pedro Passos Coelho, que parece ser uma pessoa bem intencionada, que tem vontade de mudar, mas precisa de avançar com as reformas estruturais e decisivas em 2012, como é exemplo a reforma da Administração Local, entre outras, que vao ser decisivas para a sua continuidade. Este ano de 2012 vai ser decisivo em termos políticos para Portugal e o Governo, e não pode haver recuos nem medos, e deve olvidar as "baratas" de partido e pensar nos portugueses, e nas necessidades de um povo que não vira as costas à luta e, que, vai conseguir vencer.
O ano findou-se (consummatum est).
Desejo a todos um fantástico ano de 2012, força e luta, porque somos um povo lutador, como reza a nossa história.